São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2001

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BOLSO VAZIO

Gasto deve ser de R$ 1,4 bi, segundo a Fiesp; empresários emprestam até de parentes para honrar pendências

Metade das indústrias de SP não tem caixa para o 13º

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O pagamento do 13º salário pode ser a alegria do trabalhador, mas ainda é a dor de cabeça da indústria. Mais da metade das empresas do Estado de São Paulo (51%) não dispõe de recursos ou podem pagar só parcialmente a pendência com os empregados. E uma entre cada duas indústrias de grande porte depende dos recursos obtidos com a venda dos itens em estoque para pagar o 13º.
A conclusão faz parte de uma pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) com 438 indústrias paulistas. Grande parte das companhias ouvidas (89%) são pequenas e médias. Apenas 6% são grandes.
Segundo o estudo, a indústria gastará R$ 1,4 bilhão para conseguir pagar o 13º salário. Metade desse valor (R$ 700 milhões), que corresponde à primeira parcela, deve ser paga até amanhã. Para que isso ocorra, 18% das companhias entrevistadas recorreram às linhas de financiamento dos bancos. Do contrário, correriam o risco de atrasar o pagamento.
Estima-se que as empresas emprestem neste ano R$ 220 milhões dos bancos para conseguir pagar a pendência. Em 2000, elas pediram emprestado R$ 330 milhões.
Essa queda no volume financiado pode ser explicada de duas formas. Em primeiro lugar, uma parcela das empresas juntou recursos durante o ano para pagar essa conta. Com isso, elas acabam pedindo menos capital aos bancos.
Além disso, as empresas acreditam que as vendas dos itens em estoque ajudarão as companhias a rechear o caixa e a quitar a pendência. Segundo o levantamento, 50% das grandes empresas apostam na venda dos estoques para conseguir o dinheiro necessário.
Entre as 438 companhias ouvidas, 22% delas usarão sobras do caixa para fazer o depósito ao trabalhador. E existem até empresários que pedirão dinheiro emprestado para parentes (2%).
Uma das saídas para garantir os recursos são os empréstimos. Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Nossa Caixa fizeram um convênio com a Fiesp, anunciado ontem. Os bancos liberaram linhas mais atrativas aos associados da Fiesp, com taxas de juros menores.


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