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SALTO NO ESCURO
Gros diz que BNDES pode levantar recursos na instituição para financiar prejuízos com racionamento
Tesouro pode bancar perdas de energéticas
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Francisco
Gros, disse ontem que os recursos
que o banco vai emprestar às empresas de energia elétrica para
compensar as perdas decorrentes
do racionamento imposto pelo
governo poderão vir de um empréstimo do Tesouro Nacional.
"Esses recursos serão levantados em uma das fontes tradicionais do BNDES. O banco busca
seus recursos seja no mercado de
capitais, seja tomando empréstimos no FAT (Fundo de Amparo
ao Trabalhador), que depois são
pagos, é bom que se diga, ou no
Tesouro Nacional", afirmou.
Na sequência de uma rápida entrevista concedida no começo da
noite de ontem, Gros disse que o
dinheiro pode vir de uma emissão
de debêntures (títulos) pelo banco no mercado ou sair mesmo de
um empréstimo do Tesouro.
"Poderíamos levantar recursos
no Tesouro Nacional, mas, note
bem, tudo é empréstimo. Tanto o
dinheiro que o BNDES receberá
como os recursos que serão repassados às empresas do setor serão empréstimos, sujeitos às taxas
normais e que serão pagos no final", afirmou.
Segundo especialistas do setor
financeiro, embora o BNDES não
esteja impedido de captar empréstimos do Tesouro, isso não
ocorre há pelo menos 15 anos.
Antecipação
O empréstimo que o BNDES
concederá às empresas de geração
e de distribuição de energia elétrica será uma antecipação dos recursos que essas empresas irão faturar com um aumento de tarifas
temporário, por de dois a três
anos, a ser anunciado pelo governo nos próximos dias.
O reajuste tarifário corresponderá ao valor do que as empresas
comprovem terem deixado de faturar porque o governo impôs limites ao consumo de energia elétrica desde junho deste ano. O
percentual de reajuste, segundo
Gros, dependerá dos números de
cada empresa, a serem apurados
em auditoria pela Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica).
Armínio
Ontem, o presidente do BNDES
contestou um número dado pelo
presidente do Banco Central, Armínio Fraga, a respeito do aumento de tarifa de energia elétrica
no próximo ano.
Em entrevista ao jornal "Valor",
publicada no dia 26 deste mês,
Fraga disse que o último Relatório
de Inflação do Banco Central incorporou um aumento de 20%
para a energia elétrica em 2002 e
acrescentou que sua expectativa
pessoal era a de um reajuste ainda
maior.
"Tenho o maior respeito pelos
comentários do doutor Armínio,
mas não sei de onde veio esse número. Esses números ainda não
foram debatidos e não sei exatamente de onde o doutor Armínio
tirou esse número", disse, em resposta a uma pergunta sobre a informação dada pelo presidente do
Banco Central.
Adicional
Gros disse que o dinheiro a ser
emprestado às empresas de energia será um adicional aos R$ 26 bilhões que o BNDES já previa que
iria emprestar a todos os setores
da economia neste ano.
Ele disse também que o governo
espera até a próxima semana encontrar um solução para a compra da energia das termelétricas
que estão sendo inauguradas e
permanecem paradas por falta de
mercado. De acordo com ele, a
principal preocupação é evitar
que o custo dessa energia nova
onere o consumidor.
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