São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SALTO NO ESCURO

Gros diz que BNDES pode levantar recursos na instituição para financiar prejuízos com racionamento

Tesouro pode bancar perdas de energéticas

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Francisco Gros, disse ontem que os recursos que o banco vai emprestar às empresas de energia elétrica para compensar as perdas decorrentes do racionamento imposto pelo governo poderão vir de um empréstimo do Tesouro Nacional.
"Esses recursos serão levantados em uma das fontes tradicionais do BNDES. O banco busca seus recursos seja no mercado de capitais, seja tomando empréstimos no FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), que depois são pagos, é bom que se diga, ou no Tesouro Nacional", afirmou.
Na sequência de uma rápida entrevista concedida no começo da noite de ontem, Gros disse que o dinheiro pode vir de uma emissão de debêntures (títulos) pelo banco no mercado ou sair mesmo de um empréstimo do Tesouro.
"Poderíamos levantar recursos no Tesouro Nacional, mas, note bem, tudo é empréstimo. Tanto o dinheiro que o BNDES receberá como os recursos que serão repassados às empresas do setor serão empréstimos, sujeitos às taxas normais e que serão pagos no final", afirmou.
Segundo especialistas do setor financeiro, embora o BNDES não esteja impedido de captar empréstimos do Tesouro, isso não ocorre há pelo menos 15 anos.

Antecipação
O empréstimo que o BNDES concederá às empresas de geração e de distribuição de energia elétrica será uma antecipação dos recursos que essas empresas irão faturar com um aumento de tarifas temporário, por de dois a três anos, a ser anunciado pelo governo nos próximos dias.
O reajuste tarifário corresponderá ao valor do que as empresas comprovem terem deixado de faturar porque o governo impôs limites ao consumo de energia elétrica desde junho deste ano. O percentual de reajuste, segundo Gros, dependerá dos números de cada empresa, a serem apurados em auditoria pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Armínio
Ontem, o presidente do BNDES contestou um número dado pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga, a respeito do aumento de tarifa de energia elétrica no próximo ano.
Em entrevista ao jornal "Valor", publicada no dia 26 deste mês, Fraga disse que o último Relatório de Inflação do Banco Central incorporou um aumento de 20% para a energia elétrica em 2002 e acrescentou que sua expectativa pessoal era a de um reajuste ainda maior.
"Tenho o maior respeito pelos comentários do doutor Armínio, mas não sei de onde veio esse número. Esses números ainda não foram debatidos e não sei exatamente de onde o doutor Armínio tirou esse número", disse, em resposta a uma pergunta sobre a informação dada pelo presidente do Banco Central.

Adicional
Gros disse que o dinheiro a ser emprestado às empresas de energia será um adicional aos R$ 26 bilhões que o BNDES já previa que iria emprestar a todos os setores da economia neste ano.
Ele disse também que o governo espera até a próxima semana encontrar um solução para a compra da energia das termelétricas que estão sendo inauguradas e permanecem paradas por falta de mercado. De acordo com ele, a principal preocupação é evitar que o custo dessa energia nova onere o consumidor.



Texto Anterior: Bolso vazio: Metade das indústrias de SP não tem caixa para o 13º
Próximo Texto: Despenca redução de consumo de luz
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.