São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2001

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EXUBERÂNCIA IRRACIONAL

Ações nos EUA valorizaram 40% em dois meses

Setor tecnológico vive nova bolha

DO "FINANCIAL TIMES"

As ações das empresas de tecnologia dos Estados Unidos tiveram valorização de 40% em média nos últimos dois meses. Mas, de acordo com analistas, trata-se de uma "minibolha" que carece de fundamentos e por isso está sujeita a um forte ajuste.
"Existe a possibilidade real de estarmos presenciando uma segunda bolha [do setor tecnológico]", disse Steve Milunovich, estrategista para investimentos em ações do setor do banco Merrill Lynch.
Desde 21 de setembro, o índice Standard & Poor's para empresas tecnológicas subiu 42%. O desempenho fui muito superior ao do índice S&P composto (em que entram as 500 maiores empresas do país, independentemente do setor).
"Acho que uma nova bolha tecnológica está em curso, ainda que a outra nunca tenha chegado a estourar", afirmou o analista Ed Yardeni.
Embora as ações do setor ainda estejam valendo, em média, 60% da cotação que atingiram em seu pico, no começo do ano passado, os papéis do setor tecnológico estão sendo negociados por 50 vezes o valor do lucro estimado para essas companhias em 2002. Isso é o dobro do que alcançam as ações em média.
A disparada desses papéis ocorreu apesar das evidências de que os investimentos em tecnologia de informação das empresas norte-americanas (que correspondem a 85% do total mundial) não devem crescer no próximo ano.
Um levantamento feito pelo "Financial Times" indica que as companhias cortaram, neste ano, entre 5% e 10% o gasto com equipamentos e produtos de alta tecnologia. No ano que vem, as reduções devem continuar.
De acordo com uma pesquisa feita pelo banco Goldman Sachs, os investimentos no setor só deverão ser ampliados na segunda metade de 2000.
Entre o final dos anos 80 e o começo dos anos 90, os gastos em tecnologia da informação cresceram 9% ao ano. Entre 1995 e 2000, os investimentos foram acelerados, crescendo à média de 16% ao ano.
Como as companhias estão com o caixa apertado, sobrevivendo com margens de lucro estreitas, elas tentam tirar o máximo proveito dos equipamentos existentes, em vez de adquirir novos.
"Ainda podemos produzir bastante, ao longo dos próximos anos, apenas utilizando ao máximo os equipamentos que já possuímos", disse Curt Andersson, vice-presidente da Timken, empresa de comércio eletrônico baseada em Ohio.



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