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Investimento estrangeiro bate recorde
Turbinado por aquisições, volume investido no país neste ano chega a U$ 33,4 bi e pode ir a US$ 35 bi até dezembro
Metalurgia, mineração e bancos lideram atração de capital externo, mas analista teme que fluxo caia com descontrole fiscal
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Impulsionado pela onda de
fusões e aquisições que se intensifica no mercado internacional, o volume de investimento estrangeiro direto recebido pelo Brasil neste ano é o
maior já registrado pelas estatísticas do Banco Central, superando até os valores observados na década de 1990, período
em que as privatizações puxavam esses números para cima.
Até ontem, o fluxo de investimentos em 2007 estava em
US$ 33,4 bilhões, o dobro do
observado no mesmo período
de 2006. Segundo o BC, os investimentos externos podem
passar de US$ 35 bilhões até
dezembro.
Até agora, o maior ingresso
de investimentos estrangeiros
no Brasil havia ocorrido em
2000, quando o país recebeu
US$ 32,8 bilhões de empresas
sediadas no exterior. Desse total, US$ 7 bilhões vieram de privatizações como a do Banespa,
que rendeu cerca de US$ 3,7 bilhões para o governo.
Desta vez, o resultado é influenciado por fusões de grandes grupos empresariais que
acontecem em outros países e
afetam filiais instaladas no Brasil. Um dos exemplos é a união
da européia Arcelor com a indiana Mittal Steel, que resultou
na criação da maior siderúrgica
do mundo, a ArcelorMittal. A
nova companhia adquiriu todo
o controle da filial brasileira da
Arcelor, o que significou o ingresso de cerca de US$ 5 bilhões no país.
Mesmo considerando a influência que essas grandes operações têm nas estatísticas, o
chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, afirma que a maior
entrada de investimentos também reflete uma maior confiança das multinacionais na
economia brasileira.
"Existe também uma série de
operações de menor valor, e
elas não estão concentradas em
um setor específico, estão bastante disseminadas em vários
segmentos."
As empresas de metalurgia,
mineração e bancos foram as
que mais receberam investimentos neste ano. O setor de
serviços ficou com 45,6% dos
recursos que entraram no país
entre janeiro e outubro; a indústria recebeu 39,7%, e o restante foi para agropecuária e
extrativismo mineral.
Mesmo com os bons resultados deste ano, há dúvidas sobre
a continuidade desses ingressos bilionários de capital externo no longo prazo. Para o economista Fabio Kanczuk, professor da USP (Universidade de
São Paulo), as empresas que investem no Brasil apostando
num crescimento de 4% ou 5%
da economia nos próximos
anos podem se frustrar.
"Nada de bom aconteceu
aqui para justificar todo esse
otimismo", afirma.
Para ele, medidas como reduções de impostos são necessárias para sustentar a expansão da economia. Sem essas iniciativas, diz o economista, o
crescimento de longo prazo
não ficará muito acima dos 3%
ao ano. "O lado fiscal está virando uma avacalhação. Cortes de
gastos [públicos] e de carga tributária sumiram da agenda do
governo."
Confiança
Já o economista Caio Megale, sócio da Mauá Investimentos, diz que a confiança das empresas estrangeiras deve manter elevados investimentos no
país, ainda que o resultado recorde de 2007 não deva se repetir nos próximos anos.
"As pessoas estão mais seguras em investir no Brasil. Um
crescimento menor da economia mundial pode frear um
pouco esse movimento, mas,
pensando num horizonte mais
longo, acredito que [o investimento estrangeiro] possa se estabilizar numa faixa entre US$
20 bilhões e US$ 35 bilhões [ao
ano]", afirma.
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