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Seguro e falta de fornecedor são entraves
DA SUCURSAL DO RIO
Principal financiador da
indústria naval, por meio
do Fundo de Marinha
Mercante, o BNDES identificou dois grandes entraves para o setor produzir
no país de modo competitivo: a falta de uma cadeia
completa de fornecedores
de peças e o problema das
garantias de crédito.
O BNDES estudou o setor, dentro do contexto de
toda a cadeia da indústria
petrolífera, e mapeou os
ramos que precisam de
apoio com financiamento,
capital de giro e eventualmente injeção de capital
nas companhias em troca
de participação acionária.
Os produtores desses
bens estão na lista: conexões, caldeiras, compressores, motores a diesel e a
gás, guindastes, válvulas e
serviços de engenharia,
construção e montagem.
Outros fabricantes nem
sequer estão instalados no
Brasil e sem eles não é possível atender ao pré-sal
prioritariamente com produtos brasileiros. Nesse
rol, estão os produtores de
compressores, de motores
de grande porte para embarcações, de turbinas a
gás e de instrumentação.
Executivos de estaleiros
ouvidos pela Folha concordam que o grande gargalo é mesmo a falta de peças produzidas no país -o
que traz preços melhores
de componentes e ganhos
de produtividade. Os estaleiros são atualmente meros "montadores de navios". O único item que é
produzido no país em larga escala é o aço naval,
mas mesmo assim só por
um produtor, a Usiminas.
Uma das reclamações é
justamente o alto preço do
aço cobrado pela empresa,
o que levou a Transpetro a
importar aço da China, da
Ucrânia e da Coreia.
Segundo Antonio Carlos Tovar, chefe do Departamento de Transporte e
Logística do BNDES, a indústria naval brasileira
tem grande potencial e
crescerá na esteira do pré-sal, mas ainda está longe
de ser "um setor maduro".
Diante disso, segundo
ele, o setor precisa ganhar
escala de produção. O primeiro passo, avalia, foi dado com a demanda assegurada no longo prazo graças
às encomendas da Petrobras. O boom do setor se
sustenta nas encomendas
de 42 navios da Transpetro, 28 sondas de perfuração da Petrobras e mais de
100 navios de apoio.
O BNDES estuda ainda
uma forma de melhorar as
garantias dos empréstimos ao setor, com a criação de um mecanismo de
seguro de crédito.
O banco sofreu, nos
anos 80 e 90, com a quebradeira de estaleiros e o
calote deles. Diante disso,
o financiamento passou a
ser concedido ao dono da
embarcação, e não mais ao
construtor.
Ainda assim, é preciso,
diz o BNDES, um mecanismo de seguro para cobrir atrasos, quebras de
estaleiros e prejuízos no
decorrer da construção
-que, no caso de uma plataforma, pode levar até
três anos.
(PS)
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