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TRABALHO
Para a CEF, depósito da indenização reduziu as demissões fraudulentas; arrecadação líquida pára de piorar
Multa do FGTS custa
R$ 300 mi por mês
GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação
As empresas brasileiras que vêm
demitindo pessoal sem justa causa
desembolsam em torno de R$ 300
milhões por mês em multa sobre o
Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS).
Esse número equivale praticamente à metade do que o Tesouro
arrecada por mês com a CPMF, o
polêmico imposto do cheque.
De fevereiro a outubro, mais de
R$ 2 bilhões foram pagos como
multa de FGTS a trabalhadores demitidos. No mesmo período, os saques totais -motivados também
por aposentadoria, casa própria
etc.- somaram R$ 12,74 bilhões,
incluindo a multa de 40%.
A contabilização de quanto custam as demissões em multa foi
possível a partir de fevereiro,
quando a Caixa Econômica Federal, gestora do FGTS, passou a exigir das empresas que esse encargo
fosse depositado na instituição.
Agora, a multa é paga ao demitido junto com a liberação de sua
conta vinculada na CEF. Antes, era
paga diretamente pela empresa.
José Coelho, diretor da Caixa responsável pela gestão do FGTS, afirma que a exigência do depósito da
multa na instituição teve o objetivo
de inibir saques fraudulentos.
Muitas empresas, explica Roberto Barreto, gerente de área na CEF,
faziam acordo com o empregado
para demiti-lo formalmente sem
pagar a multa de 40%.
O demitido embolsava o dinheiro do FGTS, continuava a trabalhar informalmente para a mesma
empresa e requeria o seguro-desemprego. Depois de uns seis meses, era recontratado.
Dependendo da data da demissão do empregado, junto com a
multa é recolhido o FGTS referente
ao último mês. Apesar disso, afirma Barreto, a média mensal de R$
300 milhões está próxima do que
as empresas desembolsam com a
multa.
Em outubro passado, a arrecadação da multa rescisória atingiu R$
323,96 milhões. A parte que pode
ter sido de depósitos do último
mês, avalia o gerente, não chega a
ultrapassar 10%. A multa dos 40%
recai sobre todo o saldo atualizado, enquanto o depósito é de apenas um mês.
Déficit é contido
É difícil medir em quanto a decisão da CEF inibiu as demissões
"temporárias", apenas para possibilitar o saque do FGTS, mas a avaliação da instituição é que ela surtiu o efeito desejado.
A previsão anterior da Caixa, de
que o FGTS fecharia este ano com
arrecadação líquida (depósitos
menos saques) negativa em cerca
de R$ 1 bilhão no período de 12
meses, não deverá se confirmar,
afirma Coelho.
O diretor da CEF diz que esta era
a tendência observada no primeiro
semestre. Em maio, o acumulado
em 12 meses alcançou o recorde de
R$ 1 bilhão (ver gráfico).
As últimas estimativas, segundo
Coelho, apontam para uma diferença de R$ 500 milhões este ano.
Esse valor empata com o resultado
acumulado em 12 meses até outubro passado.
Em 97, lembra ele, a arrecadação
líquida do ano foi negativa em R$
703 milhões. O indicador de arrecadação líquida não foi afetado pela contabilização da multa de 40%
porque os valores entram tanto do
lado das receitas quanto das despesas.
A inversão na tendência de resultados cada vez mais negativos, acelerada até meados deste ano, não
se relaciona apenas à redução das
demissões fraudulentas.
Nos últimos meses, afirma o diretor da CEF, houve uma redução
nos pedidos de aposentadoria no
setor privado. Os saques motivados pela compra da casa própria
pelo SFH também não mantiveram o ritmo anterior e a cobrança
de dívidas se intensificou.
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