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Crise vai de má gestão a polícia
da Reportagem Local
A crise financeira da construtora
Encol, que chegou a ser considerada uma das melhores e maiores do
país, começou como um exemplo
de incompetência gerencial.
No ano passado, no auge da crise
da construtora, o caso tornou-se
um escândalo e virou questão de
polícia, com acusações de desvio
de dinheiro, sonegação de impostos e remessa ilegal de divisas para
o exterior por parte do acionista
majoritário, Pedro Paulo de Souza,
e ex-diretores.
Os primeiros rumores de que a
construtora Encol estava enfrentando problemas financeiros graves começaram a circular em maio
de 1995.
Alguns meses depois, apesar de a
empresa ter desmentido os boatos
sobre problemas, o Banco Pactual
foi contratado para fazer um projeto de reestruturação da construtora, que foi recusado posteriormente pelos acionistas.
No ano de 1996, o Banco do Brasil, um dos principais credores,
promoveu uma "intervenção
branca" na Encol, nomeando um
executivo para cuidar das finanças
da empresa.
Em janeiro de 1997, Pedro Paulo
de Souza é afastado da direção da
empresa. Os maiores bancos credores passam a discutir a formação de um pool para salvar a construtora da falência.
O pool de bancos não consegue
arquitetar uma solução de consenso para todos os credores.
Ao mesmo tempo, promotores
de defesa do consumidor de Brasília (sede da empresa) instauram
inquérito civil para apurar danos
causados a clientes. As obras prometidas já estavam atrasadas.
Em agosto do mesmo ano, o problema, até então de má gestão financeira de um negócio, ganha dimensão policial.
Um relatório da auditoria Deloitte Touche Tohmatsu sobre as contas da Encol vem a público e aponta a evidência de sonegação de impostos, desvio de dinheiro, uso de
caixa-dois e prejuízo de R$ 380 milhões.
Investigações realizadas pela Polícia Federal também indicavam
que as irregularidades na empresa
eram praticadas desde 1993.
A PF chega até a sugerir que a Encol estava envolvida com o esquema PC Farias (o tesoureiro do ex-presidente da República Fernando
Collor, afastado do cargo por suspeita de corrupção).
Nessa altura, vários processos
pedindo a falência da construtora
tramitavam na Justiça de Brasília.
O proprietário da Encol, Pedro
Paulo de Souza, passa a responder
processo com base em denúncias
da Promotoria de Defesa do Consumidor do Distrito Federal, no
qual é acusado de ter distribuído,
em 1995, dividendos (lucro líquido) fictícios aos acionistas, o que
caracteriza crime fiscal.
Em outubro do ano passado, a
Encol decidiu mudar o endereço
de sua sede de Brasília para Goiânia. A mudança, segundo alegou a
empresa, era para reduzir custos
operacionais.
A Promotoria de Brasília encarou a alteração como uma manobra para atrasar os julgamentos
dos pedidos de falência.
Em novembro de 97, a Encol entrou com um pedido de concordata preventiva na Vara de Falências
e Concordatas de Goiânia.
Ficou criado então um conflito
de competências entre a Justiça de
Brasília e de Goiânia, que só foi resolvido em junho deste ano pelo
STJ (Superior Tribunal de Justiça),
a favor de Goiás.
(ME)
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