São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2001

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MONTADORAS

Corte de 20% da força de trabalho visa a recuperar lucratividade; ações caíram 45% desde fusão em 1988

Daimler-Chrysler vai demitir 26 mil funcionários



DA REPORTAGEM LOCAL

A Daimler-Chrysler está em crise e vai demitir 26 mil funcionários em suas fábricas nos próximos três anos. Ontem, em Auburn Hills, Michigan, a direção da empresa anunciou que os procedimentos serão encaminhados por meio dos contratos sindicais existentes, atingindo, apenas nos Estados Unidos, 2,5 mil pessoas. O número total de postos corresponde a cerca de 20% da força de trabalho da Chrysler.
O processo de reestruturação internacional também prevê a suspensão da produção em seis fábricas -Estados Unidos, Canadá, México, Argentina e Brasil.
A medida visa a trazer a lucratividade de volta, já que, desde o terceiro trimestre do ano passado, a empresa vem registrando grandes perdas. Apenas nos Estados Unidos, o prejuízo foi de US$ 1,75 bilhão no segundo semestre de 2000.
Depois de dois anos de casamento, a alemã Daimler e a americana Chrysler sugerem, com a decisão, que a união celebrada em 1988 como a "fusão do século", já está expondo incompatibilidades que vão além do idioma.
Desde novembro do ano passado, a Chrysler é presidida pelo alemão Dieter Zetesche, que tem como braço direito outro alemão, Wolfgang Bernhard. Como sempre, a explicação oficial foi de que a americana Kathleen Oswald, até então executiva da linha de frente, estava se aposentando.
Não foi isso. Ela caiu. Theodoro Cunningham, vice-presidente global de vendas e marketing, também deixou a companhia, assim como Antonio Cervone, vice-presidente da área de comunicações.
Wall Street refletiu a incompatibilidade, e as ações da Daimler-Chrysler caíram 45% depois da fusão. O casamento ficou tão complicado que, desde setembro de 1999, Chrysler e Daimler passaram a funcionar novamente como duas entidades independentes.
Analistas falam em choque cultural. A revista semanal alemã "Der Spiegel" afirma que, mesmo com os cortes e o fechamento das fábricas, a Chrysler não terá lucros até 2004.


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