São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2007

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Discussão de Doha não avança, diz Amorim

Para chanceler brasileiro, encontro do G20 com Mandelson não surte nenhum efeito concreto para prosseguimento da rodada

Comissário europeu do Comércio disse estar mais confiante de que próximas reuniões trarão resultados efetivos para impasses

DA REDAÇÃO

O chanceler Celso Amorim afirmou que a reunião do G20, o grupo de países em desenvolvimento liderado por Brasil e Índia, com o comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson, não produziu nenhum efeito concreto para o avanço da Rodada Doha.
"Não se materializou nada na reunião, mas é certo que haverá muitas conversas, muitos movimentos exploratórios", disse Amorim após o encontro de ontem, em Genebra (Suíça).
Segundo o chanceler, é preciso que as partes envolvidas nas negociações apresentem ofertas suficientemente comprometidas para que um acordo possa ser alcançado.
Mandelson, no entanto, disse estar mais confiante de que as próximas reuniões trarão resultados efetivos para o impasse na rodada. "A União Européia e o G20, assim como os outros países em desenvolvimento, têm uma idéia clara sobre o consenso que está se formando para se chegar a uma solução."

Críticas a Mandelson
Os esforços do comissário europeu para a retomada da Rodada Doha não têm sido bem recebidos por todos os países do bloco. Para a França, Mandelson usou métodos de trabalho "inaceitáveis" em suas tentativas de retomar as negociações de liberalização do comércio mundial.
De acordo com o ministro francês da Agricultura, Dominique Bussereau, o comissário "circulou textos" e tornou "públicas ou semi-públicas" informações confidenciais nas negociações que ocorreram na semana passada em Davos (Suíça), durante o Fórum Econômico Mundial.
Mandelson apóia que a Europa reduza em 54% as suas tarifas de importação de produtos agrícolas. Já a França diz ser contra qualquer corte acima de 39%. "Qualquer outra oferta está além dos poderes [de Mandelson]", disse Bussereau.
Ele afirmou que a atitude de seu governo não é motivada pela eleição presidencial, que acontece neste ano. "Nós não estamos defendendo essa posição porque estamos em um período pré-eleitoral, mas porque sempre defendemos isso."
Posição semelhante à do ministro francês foi defendida por seu colega austríaco, Josef Pröll. Segundo ele, os ministros do bloco não estão sendo informados das decisões por Mandelson e os EUA precisam melhorar sua oferta antes de a Europa avançar com a sua.
"Existe um problema se um indivíduo fica por aí fazendo ofertas. Ela enfraquece a posição da Europa se os sinais enviados não têm consenso entre os países-membros."
Já o ministro da Economia da Alemanha, Michael Glos, disse que seu país apóia Mandelson e suas tentativas de retomar a Rodada Doha.


Com agências internacionais

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