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COMÉRCIO EXTERIOR
Com saída de Jaya Cuttarree, restam em eleição Pascal Lamy, da França, e Carlos del Castillo, do Uruguai
Africano é eliminado da disputa da OMC
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro das Relações Exteriores e Comércio das Ilhas Maurício, Jaya Krishna Cuttarree, foi
eliminado ontem da disputa pelo
cargo de diretor-geral da OMC
(Organização Mundial do Comércio). O governo brasileiro,
país do primeiro eliminado, não
votou na segunda rodada de consultas em protesto "pela falta de
transparência na divulgação dos
resultados", segundo o Itamaraty.
Agora a disputa ficou polarizada entre o ex-comissário de Comércio da União Européia, o
francês Pascal Lamy, e o candidato uruguaio, Carlos Perez del Castillo. A OMC divulgará o nome do
eleito antes do fim de maio.
Com a saída do candidato brasileiro, embaixador Luiz Felipe de
Seixas Corrêa, há duas semanas, o
Brasil abandonou a eleição e não
votou em nenhum candidato.
De acordo com o subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e
Tecnológicos do Itamaraty, embaixador Clodoaldo Hugueney, o
governo ainda não decidiu se
também vai se abster de votar na
próxima e última rodada, que começa na semana que vem. Segundo ele, "é provável que o governo
também não vote".
Hugueney afirmou que a abstenção é uma forma de protesto
contra os procedimentos de seleção adotados pela OMC. "Os números referentes ao votos deveriam ser divulgados para que fosse mantida a credibilidade do sistema de seleção", disse. "O processo está sendo conduzido de
forma insatisfatória", afirmou.
Para escolher o novo diretor,
que a partir de agosto deverá
substituir o tailandês Supachai
Panitchpakdi, a OMC adotou um
sistema conhecido como "consenso construído".
De acordo com esse método, os
148 países-membros são consultados semanalmente para manifestar suas preferências. O conselho-geral da OMC informa a cada
rodada qual o candidato que reuniu menos votos, mas não revela o
desempenho de cada um.
De acordo com a OMC, a idéia é
manter o sigilo dos votos de cada
país e escolher o candidato que
reúna maior preferência e menor
rejeição.
Quando Seixas foi eliminado, o
ministro das Relações Exteriores,
Celso Amorim, disse que o Brasil
havia entrado na disputa porque
"não estava contente com nenhum dos três candidatos".
Para o Itamaraty, Lamy representa os interesses agrícolas protecionistas dos países ricos, Castillo mostrou inflexibilidade para as
demandas dos países em desenvolvimento, quando ocupou cargos na OMC, e Cuttaree representa interesses localizados.
Favoritismo europeu
"Pascal Lamy é quem tem o
maior nível de apoio", afirma
Amina Mohamed, que coordena
o processo eleitoral da OMC.
"Entendo que Pascal Lamy seja
o primeiro na preferência, em segundo, está Castillo e eu era o terceiro. Não fiquei contente [com
essa situação], mas essas são as regras", afirmou Cuttarree ontem
após anunciar a sua saída.
O comissário de Comércio da
UE, Peter Mandelson, expressou
otimismo com o andamento da
eleição. "É um resultado bem-vindo e encorajador para Pascal
Lamy", declarou.
Alguns consultores da OMC ouvidos pela Folha afirmam que,
para que a Rodada Doha (ronda
de liberalização comercial iniciada em 2001 e travada até hoje)
avance, a organização precisará
de um diretor influente. Isso justificaria a forte adesão à candidatura do francês. Esse tipo de avaliação parte de quem considerou a
atuação de considerou a atuação
de Supachai tímida, especialmente em relação aos países em desenvolvimento.
Apesar da corrente pró-Lamy, o
lado uruguaio não considera a
eleição como já encerrada. "Ainda não terminou nem oficialmente nem na substância", disse o
embaixador do Uruguai na OMC
Guillermo Valles Galmez.
Com agências internacionais
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