São Paulo, sábado, 30 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO EXTERIOR

Com saída de Jaya Cuttarree, restam em eleição Pascal Lamy, da França, e Carlos del Castillo, do Uruguai

Africano é eliminado da disputa da OMC

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro das Relações Exteriores e Comércio das Ilhas Maurício, Jaya Krishna Cuttarree, foi eliminado ontem da disputa pelo cargo de diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio). O governo brasileiro, país do primeiro eliminado, não votou na segunda rodada de consultas em protesto "pela falta de transparência na divulgação dos resultados", segundo o Itamaraty.
Agora a disputa ficou polarizada entre o ex-comissário de Comércio da União Européia, o francês Pascal Lamy, e o candidato uruguaio, Carlos Perez del Castillo. A OMC divulgará o nome do eleito antes do fim de maio.
Com a saída do candidato brasileiro, embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa, há duas semanas, o Brasil abandonou a eleição e não votou em nenhum candidato.
De acordo com o subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Tecnológicos do Itamaraty, embaixador Clodoaldo Hugueney, o governo ainda não decidiu se também vai se abster de votar na próxima e última rodada, que começa na semana que vem. Segundo ele, "é provável que o governo também não vote".
Hugueney afirmou que a abstenção é uma forma de protesto contra os procedimentos de seleção adotados pela OMC. "Os números referentes ao votos deveriam ser divulgados para que fosse mantida a credibilidade do sistema de seleção", disse. "O processo está sendo conduzido de forma insatisfatória", afirmou.
Para escolher o novo diretor, que a partir de agosto deverá substituir o tailandês Supachai Panitchpakdi, a OMC adotou um sistema conhecido como "consenso construído".
De acordo com esse método, os 148 países-membros são consultados semanalmente para manifestar suas preferências. O conselho-geral da OMC informa a cada rodada qual o candidato que reuniu menos votos, mas não revela o desempenho de cada um.
De acordo com a OMC, a idéia é manter o sigilo dos votos de cada país e escolher o candidato que reúna maior preferência e menor rejeição.
Quando Seixas foi eliminado, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o Brasil havia entrado na disputa porque "não estava contente com nenhum dos três candidatos".
Para o Itamaraty, Lamy representa os interesses agrícolas protecionistas dos países ricos, Castillo mostrou inflexibilidade para as demandas dos países em desenvolvimento, quando ocupou cargos na OMC, e Cuttaree representa interesses localizados.

Favoritismo europeu
"Pascal Lamy é quem tem o maior nível de apoio", afirma Amina Mohamed, que coordena o processo eleitoral da OMC.
"Entendo que Pascal Lamy seja o primeiro na preferência, em segundo, está Castillo e eu era o terceiro. Não fiquei contente [com essa situação], mas essas são as regras", afirmou Cuttarree ontem após anunciar a sua saída.
O comissário de Comércio da UE, Peter Mandelson, expressou otimismo com o andamento da eleição. "É um resultado bem-vindo e encorajador para Pascal Lamy", declarou.
Alguns consultores da OMC ouvidos pela Folha afirmam que, para que a Rodada Doha (ronda de liberalização comercial iniciada em 2001 e travada até hoje) avance, a organização precisará de um diretor influente. Isso justificaria a forte adesão à candidatura do francês. Esse tipo de avaliação parte de quem considerou a atuação de considerou a atuação de Supachai tímida, especialmente em relação aos países em desenvolvimento.
Apesar da corrente pró-Lamy, o lado uruguaio não considera a eleição como já encerrada. "Ainda não terminou nem oficialmente nem na substância", disse o embaixador do Uruguai na OMC Guillermo Valles Galmez.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Declaração: Receita estuda como devolver IR a aposentado
Próximo Texto: Embaixador defende importância da Alca
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.