São Paulo, quinta, 30 de abril de 1998

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TRABALHO
Taxa de março é a segunda pior da série histórica do IBGE; número de pessoas que procuram emprego cresce 13%
Desemprego de 8,2% é o maior desde 84

ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

O desemprego disparou no mês passado e atingiu 8,18% da força de trabalho -o nível mais elevado desde o final do período militar.
O resultado, divulgado ontem, dará munição extra aos sindicatos, que já haviam escolhido o desemprego como tema principal do Dia do Trabalho, que será comemorado amanhã.
A taxa, medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é a mais alta desde maio de 1984 e a segunda maior da série histórica, iniciada em 1982.
Em fevereiro, a taxa média das seis regiões metropolitanas pesquisadas havia sido de 7,42% da População Economicamente Ativa, mais conhecida por PEA.
Neste mês, o índice não ter variado muito, estima Shyrlene Ramos de Souza, chefe da Equipe de Análise de Conjuntura do IBGE.
De acordo com o IBGE, havia em março 1.449.410 pessoas acima de 15 anos procurando trabalho na última semana de referência para a pesquisa. Do total, 694.183 estavam em São Paulo.
A região metropolitana de São Paulo vem batendo um recorde atrás do outro desde o início do ano. O índice de março foi de 8,97% -o maior da série paulista. Tinha sido de 8,51%, em janeiro, e de 8,78%, em fevereiro.
Salvador também registrou sua pior taxa, que superou a das outras cinco regiões: 9,94%.
O Rio teve o menor índice, 6,32%. Mas o número de desocupados no Rio cresceu tanto em relação a fevereiro (27,32%) como em relação a março de 97 (67,32% -a maior variação do país). A alta da média nacional, se comparada a março do ano passado, foi de 39,54%.
Ampliando o tempo de referência da pesquisa do IBGE para 30 dias, a taxa de desemprego sobe de 8,18% para 8,93%.
Pesou na alta da taxa de desemprego o aumento de 2,6% da PEA -cerca de 450 mil pessoas ingressaram no mercado-, de fevereiro para março.
A PEA subiu porque cresceu o contingente de pessoas em busca de trabalho (13,1%) e o de pessoas ocupadas (1,8%), os dois grupos que a compõem.
Hoje, 17.714.478 de pessoas formam a PEA das seis regiões.
Das quase 1,5 milhão de pessoas que procuraram emprego em março, mais de 140 mil o fizeram pela primeira vez (25% a mais que fevereiro), o que é considerado um movimento típico dessa época do ano, segundo o IBGE.
O Rio teve a pior queda de ocupação na indústria. O IBGE calcula que 36 mil pessoas tenham deixado o setor, de um mês para outro.
A taxa média de desemprego cresceu em todos os setores de atividade, informa o IBGE.
O destaque ficou com construção civil, cujo indicador passou de 6,34% para 9,27%, março contra março, apesar de ainda não ser o pior da série.




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