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Investimento tem pior desempenho desde 96
DA SUCURSAL DO RIO
O consumo caiu, o crédito continuou restrito e a reação dos empresários brasileiros foi retrair os
investimentos. O resultado: o nível dos investimentos na economia brasileira atingiu no primeiro
trimestre deste ano o seu pior resultado trimestral desde os três
primeiros meses de 1996.
O nível estava 12,93% acima da
média de 1990 no final de março
deste ano, contra 6,74% no primeiro trimestre de 1996 -entre
julho e agosto de 1997 o indicador
havia atingido o pico dos anos 90,
quando ficou 34,35% acima da
média de 1990.
Os dados divulgados ontem pelo IBGE revelam que os investimentos estão em queda em todas
as formas de apresentação dos
números. O indicador acumulado
em quatro trimestres, em relação
aos quatro trimestres imediatamente anteriores, apresentou resultado negativo de 2,03%, o
quinto consecutivo nesta forma
de comparação.
Na comparação com o mesmo
trimestre do ano passado, a queda
foi de 1,55%. Em relação ao último trimestre do ano passado, a
queda foi de 4,6%.
Os investimentos em máquinas,
equipamentos e na construção civil representam a parte preponderante do que nas contas nacionais
recebe o nome de formação bruta
de capital fixo.
Além dos investimentos, ela é
integrada pela variação dos estoques, medida apenas no final de
cada ano e que representa um peso muito pequeno no conjunto.
Segundo o IBGE, a construção
civil representa aproximadamente 60% dos investimentos. No PIB
do primeiro trimestre deste ano a
construção apresentou queda de
1,7% em relação ao mesmo período do ano passado e de 0,57% no
acumulado em quatro trimestres.
No final do ano passado, a formação bruta de capital fixo representava 18,7% do PIB, nível que é
considerado insuficiente para impulsionar o crescimento da economia do país de forma sustentável. Os investimentos em máquinas e equipamentos aumentam a
produtividade da economia -ou
seja, o mesmo número de trabalhadores produz de forma mais
eficiente ou é necessário um número menor de pessoas para produzir o mesmo que antes.
Especialistas consideram que
uma taxa de investimento de 25%
do PIB é o mínimo necessário para que a economia consiga crescer
por um período prolongado. Sem
uma taxa de investimento adequada, dizem, um país pode passar por surtos de crescimento que
são sempre abortados por crises.
O aumento do investimento, e
portanto da produtividade, é
apontado também um dos pré-requisitos para que os trabalhadores consigam aumentos salariais sem que haja o temor de que
as altas causem inflação. Se aumenta a produtividade, é possível
produzir mais em menos tempo e
parte dos ganhos podem ser repassados para consumidores e salários.
(CHICO SANTOS E MARCELO BILLI)
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