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São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003

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Investimento tem pior desempenho desde 96

DA SUCURSAL DO RIO

O consumo caiu, o crédito continuou restrito e a reação dos empresários brasileiros foi retrair os investimentos. O resultado: o nível dos investimentos na economia brasileira atingiu no primeiro trimestre deste ano o seu pior resultado trimestral desde os três primeiros meses de 1996.
O nível estava 12,93% acima da média de 1990 no final de março deste ano, contra 6,74% no primeiro trimestre de 1996 -entre julho e agosto de 1997 o indicador havia atingido o pico dos anos 90, quando ficou 34,35% acima da média de 1990.
Os dados divulgados ontem pelo IBGE revelam que os investimentos estão em queda em todas as formas de apresentação dos números. O indicador acumulado em quatro trimestres, em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores, apresentou resultado negativo de 2,03%, o quinto consecutivo nesta forma de comparação.
Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, a queda foi de 1,55%. Em relação ao último trimestre do ano passado, a queda foi de 4,6%.
Os investimentos em máquinas, equipamentos e na construção civil representam a parte preponderante do que nas contas nacionais recebe o nome de formação bruta de capital fixo.
Além dos investimentos, ela é integrada pela variação dos estoques, medida apenas no final de cada ano e que representa um peso muito pequeno no conjunto.
Segundo o IBGE, a construção civil representa aproximadamente 60% dos investimentos. No PIB do primeiro trimestre deste ano a construção apresentou queda de 1,7% em relação ao mesmo período do ano passado e de 0,57% no acumulado em quatro trimestres.
No final do ano passado, a formação bruta de capital fixo representava 18,7% do PIB, nível que é considerado insuficiente para impulsionar o crescimento da economia do país de forma sustentável. Os investimentos em máquinas e equipamentos aumentam a produtividade da economia -ou seja, o mesmo número de trabalhadores produz de forma mais eficiente ou é necessário um número menor de pessoas para produzir o mesmo que antes.
Especialistas consideram que uma taxa de investimento de 25% do PIB é o mínimo necessário para que a economia consiga crescer por um período prolongado. Sem uma taxa de investimento adequada, dizem, um país pode passar por surtos de crescimento que são sempre abortados por crises.
O aumento do investimento, e portanto da produtividade, é apontado também um dos pré-requisitos para que os trabalhadores consigam aumentos salariais sem que haja o temor de que as altas causem inflação. Se aumenta a produtividade, é possível produzir mais em menos tempo e parte dos ganhos podem ser repassados para consumidores e salários.
(CHICO SANTOS E MARCELO BILLI)


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