DA REDAÇÃO

O Brasil registra recordes de produtividade, aumenta a mecanização da lavoura e utiliza insumos modernos que aumentam a produção.
Esse quadro favorável deve ser sustentado, ainda, porque "não há exageros por parte da agricultura", diz Guilherme Dias. Os investimentos estão no caminho certo e alguns produtores poderão até "quebrar" nessa euforia, mas não haverá uma quebradeira geral como a que ocorreu no final da década de 80 e início da de 90.
O país tem, porém, uma série de gargalos para resolver. Muitos deles foram, em parte, resolvidos nos últimos anos, mas a rápida aceleração da produção trouxe-os de volta à lista de problemas, diz Pedro de Camargo Neto.
O sistema de transporte é um deles. A privatização das ferrovias ainda não surtiu efeito sobre o transporte agrícola, que está caro e muito dependente do sistema rodoviário. O país começa a criar novos caminhos de escoamento de mercadorias para o exterior pelo Norte, mas os portos do Sudeste e do Sul voltaram a ficar congestionados com os recordes de produção.
A ausência de crédito é outro fator que dificulta a vida do produtor, segundo Getúlio Pernambuco. Os produtores que não conseguem crédito oficial pagam as maiores taxas de juros do mundo e, pior ainda, concorrem com produtores altamente subsidiados no mercado externo.
Essa falta de crédito gerou, inclusive, alta concentração de terras no Centro-Oeste, diz Dias. Os pequenos e médios produtores não têm capital para enfrentar os elevados custos de produção.
Outro problema sério apontado pela maioria dos especialistas consultados é como encarar os avanços da biotecnologia. O país não pode esperar mais para uma definição sobre os transgênicos. "Estamos brincando com isso há quatro anos", afirma Dias.
Cláudia Viegas diz que, sem um cenário claro para os transgênicos, todos perdem. Sempre haverá dúvidas sobre o produto brasileiro, enquanto os produtores, especialmente os que estão optando pelos transgênicos, terão produtividade menor porque não usam sementes qualificadas. (MZ)


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