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Relação dívida/PIB cai ao menor
nível desde 2001 com dólar "barato"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A apreciação cambial de 13,82%
no mês de abril reduziu a dívida
líquida do setor público em
R$ 45,989 bilhões. Segundo dados
do Banco Central, esse foi o principal motivo para a redução do
saldo da dívida de R$ 888,140 bilhões (55,1% do PIB - Produto Interno Bruto) em março, para
R$ 839,756 bilhões (52,2% do
PIB) em abril.
Esse resultado em relação ao
PIB é o melhor desde junho de
2001, quando a dívida era equivalente a 50,96% do PIB. Neste mês,
no entanto, se a taxa de câmbio fechar a R$ 3,00, com alta em relação aos R$ 2,8898 do final de abril,
a relação dívida/PIB crescerá para
54,5%.
A dívida líquida do setor público (União, Estados, municípios e
estatais) inclui as dívidas interna e
externa, descontados os créditos
que o governo tem a receber.
"Qualquer oscilação na taxa de
câmbio ainda gera uma variação
significativa no estoque da dívida", afirmou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. Essa sensibilidade é explicada pelo fato de que
quase 50% da dívida líquida está
atrelada ao câmbio.
Além do benefício da apreciação cambial, o saldo da dívida foi
reduzido em razão da queda nos
gastos com juros. No mês passado, as despesas com juros totalizaram R$ 6,372 bilhões, contra os
R$ 12,730 bilhões de março.
É que no mês, com a valorização
do real em relação ao dólar, o
Banco Central ganhou R$ 11,076
bilhões com as operações de
"swap" (contrato através do qual
o Banco Central garante ao investidor a variação da taxa de câmbio). Essas transações dão ganho
ao investidor quando o dólar sobe
e ao Banco Central quando a
moeda norte-americana cai.
O lucro obtido com o "swap" está registrado na conta de juros, o
que reduziu as despesas do Banco
Central. Com isso, o setor público
registrou um superávit nominal
de R$ 3,476 bilhões no mês passado. Ou seja, o superávit primário
(receitas menos despesas, sem incluir gastos com juros) foi mais
que suficiente para cobrir os gastos com juros e ainda sobrou recursos que ajudaram a reduzir a
relação dívida/PIB.
O superávit nominal de abril é o
melhor resultado mensal desde o
início da série histórica do Banco
Central, em 1991. Em toda a série,
só foram registrados outros três
superávits nominais, em setembro de 1999, em março de 2001 e
em abril do ano passado.
Lopes afirmou que a relação dívida/PIB ainda será afetada negativamente, neste ano, por um efeito estatístico. O Banco Central utiliza um PIB valorizado pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) para fazer o
cálculo da relação. Neste ano, como o índice inflacionário ficará
mais baixo que em 2002, o PIB deverá ser reduzido, o que aumentará a proporção dívida/PIB.
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