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Responsabilizar
trabalhador é uma
"aberração", diz CUT
DA REPORTAGEM LOCAL
A CUT classificou ontem como "aberração" o fato de o
Banco Central justificar a manutenção dos juros altos em razão dos reajustes salariais concedidos aos trabalhadores no
início do ano.
"Isso é, no mínimo, uma
aberração. O movimento sindical reivindica a inflação passada para recuperar o poder de
compra dos salários, recuperar
o que a inflação já corroeu. Não
pode ser responsabilizado pela
inflação passada, nem pela futura e muito menos ainda pela
manutenção dos juros altos",
disse o presidente da CUT,
João Felício. "Manter os juros
altos é a única forma que o governo encontrou para segurar a
inflação."
O sindicalista diz que o temor
do Copom de que o reajuste
dos salários -com base na inflação acumulada nos últimos
12 meses- possa estimular a
indexação da economia não
tem fundamento.
"A maioria das categorias
profissionais não tem conseguido reajustes acima da inflação. Os acordos, no máximo,
repõem a inflação, que já corroeu os salários, como mostram os dados do Dieese." Felício também afirmou que a queda na renda dos trabalhadores
da região metropolitana de São
Paulo foi de 28,3% no período
de 97 a 2002.
Segundo o presidente da
CUT, a massa salarial do país
tem diminuído significativamente. "A massa salarial do
país, nos últimos dez anos, passou de 44% do PIB [Produto
Interno Bruto] para 36% até o
final do ano passado. "Se ganhávamos menos do que ganhamos hoje, como podemos
ser responsabilizados pela volta da inflação?"
Felício afirmou ainda que o
"cidadão que escreveu isso na
ata [do Copom] carece de conhecimento de economia ou
quer dividir a responsabilidade
dos juros altos com os trabalhadores". A CUT vai discutir
em seu congresso nacional, que
acontece na próxima semana
em São Paulo, uma campanha
contra os juros altos.
A Força Sindical já divulgou
que pretende fazer manifestações contra a política econômica do governo.
(CLAUDIA ROLLI)
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