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ANÁLISE
Boas notícias do Brasil
DO "THE NEW YORK TIMES"
Leia abaixo editorial publicado
ontem, pelo "The New York Times", sobre o Brasil.
A economia global talvez
não seja a mais feliz das histórias hoje, mas seria muito mais
trágica se o Brasil tivesse sofrido
uma implosão financeira no ano
passado, como muitos temiam. Se
o Brasil, o maior país da América
Latina, tivesse deixado de pagar
sua dívida pública de US$ 250 bilhões, como fez a vizinha Argentina, as consequências teriam sido
catastróficas. O pânico teria afetado não apenas a América Latina,
mas todos os emergentes.
O fato de esse país de 175 milhões de habitantes não estar mais
prestes a desencadear uma crise
financeira global - e, ao contrário, estar ajudando a liderar uma
recuperação dos mercados emergentes- é um tributo às sólidas
políticas seguidas nos cinco meses de governo de seu presidente
de esquerda, Luiz Inácio Lula da
Silva, e a um pacote de ajuda de
US$ 30 bilhões que o Fundo Monetário Internacional disponibilizou para o Brasil em setembro.
É uma das raras histórias de sucesso em que o FMI evitou o desastre, como deveria. Nesse caso,
o FMI simplesmente emitiu um
voto de confiança em um país cujos fundamentos eram sólidos. Isso ajudou a acalmar os receios dos
investidores sobre as perspectivas
do governo Lula.
Desde que assumiu, em janeiro,
o presidente Lula seguiu políticas
que reforçaram a posição financeira do país. A moeda e os títulos
brasileiros se recuperaram com
força, aliviando o peso da dívida, e
a inflação ascendente está começando a diminuir. O governo
também está mantendo um superávit orçamentário.
Alguns dos defensores mais ardentes do presidente em seu Partido dos Trabalhadores não estão
animados com toda essa ortodoxia econômica, ou com o que o
próprio Lula chama de "remédio
amargo". As duras propostas do
governo para reformar a aposentadoria do funcionalismo público
podem causar novas fricções entre o governo e militantes do partido. Mas o presidente, um antigo
líder trabalhista, está certo ao dizer que não terá êxito em sua ambiciosa agenda social de longo
prazo se o Brasil primeiro não puser em ordem a economia da casa.
Muito depende do resultado da
luta de Lula para navegar entre a
realidade em curto prazo e suas
aspirações maiores -não apenas
para o Brasil, mas também para
um número crescente de líderes
latinos de centro-esquerda que o
consideram um modelo. Washington também parece estar
mais calorosa em relação a ele. O
secretário do Tesouro, John
Snow, visitou o Brasil no mês passado, e na última quinta-feira foi
anunciado que Lula visitará a Casa Branca no mês que vem.
O Brasil e os Estados Unidos, os
dois países mais populosos das
Américas, estão negociando a
criação de uma área de livre comércio na região até 2005. O sucesso está longe de garantido.
O Brasil é um dos maiores críticos dos indefensíveis subsídios
agrícolas dos EUA e da Europa,
mas não se dispõe a abrir totalmente alguns de seus mercados.
Ambos os lados precisam fazer
concessões. Será do interesse geral da América Latina que os governos Bush e Lula criem um bom
relacionamento de trabalho ao
tratar dessas difíceis questões.
Tradução de Luiz Roberto Gonçalves
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