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São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003

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ANÁLISE

Boas notícias do Brasil

DO "THE NEW YORK TIMES"

Leia abaixo editorial publicado ontem, pelo "The New York Times", sobre o Brasil.
 
A economia global talvez não seja a mais feliz das histórias hoje, mas seria muito mais trágica se o Brasil tivesse sofrido uma implosão financeira no ano passado, como muitos temiam. Se o Brasil, o maior país da América Latina, tivesse deixado de pagar sua dívida pública de US$ 250 bilhões, como fez a vizinha Argentina, as consequências teriam sido catastróficas. O pânico teria afetado não apenas a América Latina, mas todos os emergentes.
O fato de esse país de 175 milhões de habitantes não estar mais prestes a desencadear uma crise financeira global - e, ao contrário, estar ajudando a liderar uma recuperação dos mercados emergentes- é um tributo às sólidas políticas seguidas nos cinco meses de governo de seu presidente de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, e a um pacote de ajuda de US$ 30 bilhões que o Fundo Monetário Internacional disponibilizou para o Brasil em setembro.
É uma das raras histórias de sucesso em que o FMI evitou o desastre, como deveria. Nesse caso, o FMI simplesmente emitiu um voto de confiança em um país cujos fundamentos eram sólidos. Isso ajudou a acalmar os receios dos investidores sobre as perspectivas do governo Lula.
Desde que assumiu, em janeiro, o presidente Lula seguiu políticas que reforçaram a posição financeira do país. A moeda e os títulos brasileiros se recuperaram com força, aliviando o peso da dívida, e a inflação ascendente está começando a diminuir. O governo também está mantendo um superávit orçamentário.
Alguns dos defensores mais ardentes do presidente em seu Partido dos Trabalhadores não estão animados com toda essa ortodoxia econômica, ou com o que o próprio Lula chama de "remédio amargo". As duras propostas do governo para reformar a aposentadoria do funcionalismo público podem causar novas fricções entre o governo e militantes do partido. Mas o presidente, um antigo líder trabalhista, está certo ao dizer que não terá êxito em sua ambiciosa agenda social de longo prazo se o Brasil primeiro não puser em ordem a economia da casa.
Muito depende do resultado da luta de Lula para navegar entre a realidade em curto prazo e suas aspirações maiores -não apenas para o Brasil, mas também para um número crescente de líderes latinos de centro-esquerda que o consideram um modelo. Washington também parece estar mais calorosa em relação a ele. O secretário do Tesouro, John Snow, visitou o Brasil no mês passado, e na última quinta-feira foi anunciado que Lula visitará a Casa Branca no mês que vem.
O Brasil e os Estados Unidos, os dois países mais populosos das Américas, estão negociando a criação de uma área de livre comércio na região até 2005. O sucesso está longe de garantido.
O Brasil é um dos maiores críticos dos indefensíveis subsídios agrícolas dos EUA e da Europa, mas não se dispõe a abrir totalmente alguns de seus mercados. Ambos os lados precisam fazer concessões. Será do interesse geral da América Latina que os governos Bush e Lula criem um bom relacionamento de trabalho ao tratar dessas difíceis questões.


Tradução de Luiz Roberto Gonçalves


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