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LINHA CRUZADA
Por meio de assessor, presidente diz que não cabe mais a ele contestar o reajuste de preços para a telefonia fixa
"Canal competente" analisará tarifa, diz Lula
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A PARINTINS
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou ontem, por meio de
sua assessoria de imprensa, que o
governo encaminhou a seus "canais competentes" a busca de
uma solução para o reajuste nas
tarifas telefônicas.
Lula passou quase todo o sábado e a manhã de ontem em Parintins (AM), onde assistiu ao festival folclórico da cidade.
Antes de embarcar para Brasília, questionado sobre a possibilidade de o governo recorrer à Justiça contra o reajuste, o presidente
afirmou apenas, segundo o jornalista Ricardo Kotscho, secretário
de imprensa da Presidência, que
"esse é um assunto que está sendo
tratado pelo canais competentes".
No aeroporto de Parintins, Lula
respondeu, rapidamente, a perguntas de jornalistas sobre o festival e a reunião de hoje com os governadores, mas não comentou o
reajuste das tarifas.
Imbróglio
Na quinta-feira, a Anatel autorizou reajustes de até 41,7% nas tarifas de telefonia fixa, depois de o
governo ter tentado acordo para
reduzir ou parcelar o percentual.
Na sexta, o ministro das Comunicações, Miro Teixeira, disse que
daria a "base técnica" para que os
órgãos de defesa do consumidor e
o Ministério Público Federal
questionassem o reajuste.
Governadores presentes aproveitaram o silêncio de Lula para
"interpretar" e relatar a opinião
presidencial sobre o assunto.
O governador do Amazonas,
Eduardo Braga (PPS), que ciceroneou Lula no Estado, foi mais direto e disse o presidente reclamou
do reajuste. Segundo ele, aliado
do Planalto, o governo federal
analisa a possibilidade de recorrer
à Justiça, mas que procura agir
com prudência no caso para não
sinalizar de maneira negativa ao
mercado internacional.
"O presidente acha que é extremamente injusto, que não deveria
ser feito dessa forma, mas é contratual e ele não pode, por livre e
espontânea vontade, mudar isso.
Tem que ser discutido em juízo.
Se a Justiça cassar essa cláusula
contratual, tanto melhor, se a Justiça não cassar, ele não pode rever
unilateralmente porque isso quebraria a credibilidade do país na
comunidade internacional", afirmou Braga.
O governador se reuniu com
Lula em Parintins e assistiu ao lado dele às quase seis horas de
apresentação folclórica dos bois-bumbás Garantido e Caprichoso.
"O governo está estudando que
medidas poderá tomar, mas a
única coisa que o presidente pode
fazer é discutir na Justiça", completou Braga.
Germano Riggoto (PMDB), governador do Rio Grande do Sul,
que também acompanhou o festival de Parintins junto do presidente, disse que o assunto deverá
ser tratado hoje na reunião de Lula com os 27 governadores, em
Brasília.
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