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São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2003

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LINHA CRUZADA

Por meio de assessor, presidente diz que não cabe mais a ele contestar o reajuste de preços para a telefonia fixa

"Canal competente" analisará tarifa, diz Lula

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A PARINTINS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que o governo encaminhou a seus "canais competentes" a busca de uma solução para o reajuste nas tarifas telefônicas.
Lula passou quase todo o sábado e a manhã de ontem em Parintins (AM), onde assistiu ao festival folclórico da cidade.
Antes de embarcar para Brasília, questionado sobre a possibilidade de o governo recorrer à Justiça contra o reajuste, o presidente afirmou apenas, segundo o jornalista Ricardo Kotscho, secretário de imprensa da Presidência, que "esse é um assunto que está sendo tratado pelo canais competentes".
No aeroporto de Parintins, Lula respondeu, rapidamente, a perguntas de jornalistas sobre o festival e a reunião de hoje com os governadores, mas não comentou o reajuste das tarifas.
Imbróglio
Na quinta-feira, a Anatel autorizou reajustes de até 41,7% nas tarifas de telefonia fixa, depois de o governo ter tentado acordo para reduzir ou parcelar o percentual.
Na sexta, o ministro das Comunicações, Miro Teixeira, disse que daria a "base técnica" para que os órgãos de defesa do consumidor e o Ministério Público Federal questionassem o reajuste.
Governadores presentes aproveitaram o silêncio de Lula para "interpretar" e relatar a opinião presidencial sobre o assunto.
O governador do Amazonas, Eduardo Braga (PPS), que ciceroneou Lula no Estado, foi mais direto e disse o presidente reclamou do reajuste. Segundo ele, aliado do Planalto, o governo federal analisa a possibilidade de recorrer à Justiça, mas que procura agir com prudência no caso para não sinalizar de maneira negativa ao mercado internacional.
"O presidente acha que é extremamente injusto, que não deveria ser feito dessa forma, mas é contratual e ele não pode, por livre e espontânea vontade, mudar isso. Tem que ser discutido em juízo. Se a Justiça cassar essa cláusula contratual, tanto melhor, se a Justiça não cassar, ele não pode rever unilateralmente porque isso quebraria a credibilidade do país na comunidade internacional", afirmou Braga.
O governador se reuniu com Lula em Parintins e assistiu ao lado dele às quase seis horas de apresentação folclórica dos bois-bumbás Garantido e Caprichoso. "O governo está estudando que medidas poderá tomar, mas a única coisa que o presidente pode fazer é discutir na Justiça", completou Braga.
Germano Riggoto (PMDB), governador do Rio Grande do Sul, que também acompanhou o festival de Parintins junto do presidente, disse que o assunto deverá ser tratado hoje na reunião de Lula com os 27 governadores, em Brasília.


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