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RETOMADA
Setores siderúrgico, de autopeças e têxtil puxam a produção, e os projetos começam a sair da gaveta, afirma Iedi
Produção forte em maio leva indústria a voltar a investir
FÁTIMA FERNANDES
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Consulta do Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento
Industrial) com 15 representantes
de grupos industriais feita na última segunda-feira mostra que
maio deste ano foi um dos melhores meses de produção, devido às
exportações e ao aumento das encomendas no mercado interno.
Revela ainda que a recuperação
da atividade das fábricas já contribuiu para a retomada de investimentos em máquinas e em equipamentos.
"O que vivemos hoje é o que poderíamos ter vivido no início deste ano, se a economia não tivesse
tido uma travada, em decorrência
da decisão do governo de interromper a trajetória de queda dos
juros", afirma Julio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi.
Segundo os representantes das
indústrias reunidos no Iedi, os setores que estão puxando o crescimento das fábricas são o siderúrgico, o de autopeças, o de calçados, o de alimentos e o têxtil. "A
indústria está indo bem, e os projetos de investimento começam a
sair da gaveta", diz.
A Gap Asset Management prevê
aumento entre 7% e 8% da produção industrial nacional em
maio na comparação com o mesmo mês de 2003. Se essa expectativa se confirmar, será o melhor
resultado deste ano, à exceção de
março, que teve crescimento de
12,4% ante o mesmo mês do ano
passado -alta explicada em
grande parte por um efeito estatístico: a quantidade de dias úteis
em março deste ano foi maior.
Otimismo
Alexandre Maia, economista-chefe da Gap, diz que o otimismo
se justifica por causa de indicadores favoráveis para o mês: as vendas de papelão ondulado, considerado termômetro da economia,
subiram 17,6% em maio ante o
mesmo mês de 2003.
Na mesma comparação, a produção de veículos cresceu 7,6%, e
o tráfego de veículos pesados nas
estradas subiu 5,9%, segundo a
ABCR (Associação Brasileira de
Concessionárias de Rodovias).
A indústria de máquinas já sente os efeitos da retomada da atividade industrial. De janeiro a
maio, o nível de utilização da capacidade instalada do setor chegou a 79,8% -4,6% maior do que
o registrado em igual período do
ano passado.
O faturamento nominal do setor cresceu 19,1% e o emprego subiu 9,9% no período, informa a
Abimaq (associação dos fabricantes de máquinas). A associação
atribui às exportações boa parte
desse bom desempenho.
"Maio é sempre um dos melhores meses de produção da indústria. Não deve ser diferente neste
ano, especialmente por causa das
vendas externas", afirma Claudio
Vaz, diretor do Departamento de
Pesquisas Econômicas da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
De janeiro a maio deste ano, a
indústria paulista exportou 33,5%
mais do que em igual período do
ano passado. No acumulado até
abril, o aumento tinha sido de
29,8%.
"Em maio, as exportações tiveram crescimento fortíssimo, com
impacto na produção", afirma
Vaz. Só em maio, as exportações
das indústrias paulistas cresceram 46,6% sobre igual período do
ano passado.
Solidificar recuperação
Além das exportações, o que está puxando a produção industrial
são os setores que dependem de
financiamento, como veículos,
eletrodomésticos e eletrônicos,
segundo Vaz.
"As vendas de produtos que dependem mais da renda do dia-a-dia do consumidor, como remédios, roupas e alimentos já não
mostram recuperação. A indústria da construção também não
reagiu. Isto é, a recuperação da indústria ainda não ocorre de forma
generalizada."
Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a produção
recorde esperada para maio vai
solidificar a trajetória de recuperação da economia.
Flávio Castelo Branco, economista da CNI, diz que, "como a
utilização média da capacidade
instalada das fábricas está ao redor de 80%, tudo indica que as indústrias vão ter de investir mais".
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