São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2004

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RETOMADA

Setores siderúrgico, de autopeças e têxtil puxam a produção, e os projetos começam a sair da gaveta, afirma Iedi

Produção forte em maio leva indústria a voltar a investir

FÁTIMA FERNANDES
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Consulta do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) com 15 representantes de grupos industriais feita na última segunda-feira mostra que maio deste ano foi um dos melhores meses de produção, devido às exportações e ao aumento das encomendas no mercado interno.
Revela ainda que a recuperação da atividade das fábricas já contribuiu para a retomada de investimentos em máquinas e em equipamentos.
"O que vivemos hoje é o que poderíamos ter vivido no início deste ano, se a economia não tivesse tido uma travada, em decorrência da decisão do governo de interromper a trajetória de queda dos juros", afirma Julio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi.
Segundo os representantes das indústrias reunidos no Iedi, os setores que estão puxando o crescimento das fábricas são o siderúrgico, o de autopeças, o de calçados, o de alimentos e o têxtil. "A indústria está indo bem, e os projetos de investimento começam a sair da gaveta", diz.
A Gap Asset Management prevê aumento entre 7% e 8% da produção industrial nacional em maio na comparação com o mesmo mês de 2003. Se essa expectativa se confirmar, será o melhor resultado deste ano, à exceção de março, que teve crescimento de 12,4% ante o mesmo mês do ano passado -alta explicada em grande parte por um efeito estatístico: a quantidade de dias úteis em março deste ano foi maior.

Otimismo
Alexandre Maia, economista-chefe da Gap, diz que o otimismo se justifica por causa de indicadores favoráveis para o mês: as vendas de papelão ondulado, considerado termômetro da economia, subiram 17,6% em maio ante o mesmo mês de 2003.
Na mesma comparação, a produção de veículos cresceu 7,6%, e o tráfego de veículos pesados nas estradas subiu 5,9%, segundo a ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias).
A indústria de máquinas já sente os efeitos da retomada da atividade industrial. De janeiro a maio, o nível de utilização da capacidade instalada do setor chegou a 79,8% -4,6% maior do que o registrado em igual período do ano passado.
O faturamento nominal do setor cresceu 19,1% e o emprego subiu 9,9% no período, informa a Abimaq (associação dos fabricantes de máquinas). A associação atribui às exportações boa parte desse bom desempenho.
"Maio é sempre um dos melhores meses de produção da indústria. Não deve ser diferente neste ano, especialmente por causa das vendas externas", afirma Claudio Vaz, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
De janeiro a maio deste ano, a indústria paulista exportou 33,5% mais do que em igual período do ano passado. No acumulado até abril, o aumento tinha sido de 29,8%.
"Em maio, as exportações tiveram crescimento fortíssimo, com impacto na produção", afirma Vaz. Só em maio, as exportações das indústrias paulistas cresceram 46,6% sobre igual período do ano passado.

Solidificar recuperação
Além das exportações, o que está puxando a produção industrial são os setores que dependem de financiamento, como veículos, eletrodomésticos e eletrônicos, segundo Vaz.
"As vendas de produtos que dependem mais da renda do dia-a-dia do consumidor, como remédios, roupas e alimentos já não mostram recuperação. A indústria da construção também não reagiu. Isto é, a recuperação da indústria ainda não ocorre de forma generalizada."
Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a produção recorde esperada para maio vai solidificar a trajetória de recuperação da economia.
Flávio Castelo Branco, economista da CNI, diz que, "como a utilização média da capacidade instalada das fábricas está ao redor de 80%, tudo indica que as indústrias vão ter de investir mais".


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