São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
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Acordo do diesel deve elevar gasolina

FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília

O acordo para acabar com a greve dos caminhoneiros deve impor um reajuste de preço maior do que o previsto para a gasolina nos próximos dias. Isso será feito para compensar a estabilidade do preço do óleo diesel que o governo prometeu aos grevistas, segundo disse à Folha o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha.
"É uma tendência. Mas quem vai definir isso é a equipe econômica", afirmou Padilha.
A manutenção do preço do óleo diesel -combustível usado pelos caminhões- não faz parte do acordo formal assinado pelo governo. Ainda assim, Nélio Botelho, do Movimento União Brasil Caminhoneiro, mencionou que fez um entendimento sobre esse tema com o governo.
Sentado entre Padilha e o ministro da Justiça, José Carlos Dias, Nélio Botelho disse que "há um compromisso de suspender qualquer aumento de óleo diesel". Não deu mais detalhes e não disse qual o prazo da suspensão.
Durante a entrevista coletiva que se seguiu à declaração de Botelho, o ministro Eliseu Padilha confirmou que o acerto com os caminhoneiros previa a suspensão de reajuste de preços, mas "apenas para o óleo diesel", e não para outros combustíveis. O ministro também não quis especificar por quanto tempo o preço do diesel ficaria congelado.
"Programamos um aumento de combustíveis e acertamos que o aumento do diesel seria suspenso", declarou o ministro. No início da noite, o porta-voz da Presidência da República, Georges Lamazière, também disse que "só o diesel" não seria reajustado agora.
Eliseu Padilha disse que seriam necessárias "medidas compensatórias" para que o diesel permanecesse sem reajuste. O ministro disse isso porque o governo brasileiro incluiu a variação do preço dos combustíveis no acordo que o Brasil mantém com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Na revisão do acordo com o FMI, feita no início deste mês, ficou acertado que os preços dos combustíveis deverão variar conforme o comportamento da taxa de câmbio e do preço do petróleo no mercado internacional.
No texto do memorando de política econômica que relatou a revisão do acordo com o FMI está escrito que "o governo pretende reajustá-los (os preços) periodicamente à luz de variações nos preços internacionais do petróleo e da taxa de câmbio".
A taxa de câmbio flutua desde janeiro, e o custo de importação do petróleo sobe toda a vez que o real desvaloriza. Para garantir um resultado menos desfavorável nas contas públicas, o governo se comprometeu a aumentar o preço dos combustíveis toda vez que o dólar se valorizar sobre o real.


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