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Acordo do diesel deve elevar gasolina
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
O acordo para acabar com a
greve dos caminhoneiros deve
impor um reajuste de preço
maior do que o previsto para a gasolina nos próximos dias. Isso será feito para compensar a estabilidade do preço do óleo diesel que o
governo prometeu aos grevistas,
segundo disse à Folha o ministro
dos Transportes, Eliseu Padilha.
"É uma tendência. Mas quem
vai definir isso é a equipe econômica", afirmou Padilha.
A manutenção do preço do óleo
diesel -combustível usado pelos
caminhões- não faz parte do
acordo formal assinado pelo governo. Ainda assim, Nélio Botelho, do Movimento União Brasil
Caminhoneiro, mencionou que
fez um entendimento sobre esse
tema com o governo.
Sentado entre Padilha e o ministro da Justiça, José Carlos Dias,
Nélio Botelho disse que "há um
compromisso de suspender qualquer aumento de óleo diesel".
Não deu mais detalhes e não disse
qual o prazo da suspensão.
Durante a entrevista coletiva
que se seguiu à declaração de Botelho, o ministro Eliseu Padilha
confirmou que o acerto com os
caminhoneiros previa a suspensão de reajuste de preços, mas
"apenas para o óleo diesel", e não
para outros combustíveis. O ministro também não quis especificar por quanto tempo o preço do
diesel ficaria congelado.
"Programamos um aumento de
combustíveis e acertamos que o
aumento do diesel seria suspenso", declarou o ministro. No início da noite, o porta-voz da Presidência da República, Georges Lamazière, também disse que "só o
diesel" não seria reajustado agora.
Eliseu Padilha disse que seriam
necessárias "medidas compensatórias" para que o diesel permanecesse sem reajuste. O ministro
disse isso porque o governo brasileiro incluiu a variação do preço
dos combustíveis no acordo que o
Brasil mantém com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Na revisão do acordo com o
FMI, feita no início deste mês, ficou acertado que os preços dos
combustíveis deverão variar conforme o comportamento da taxa
de câmbio e do preço do petróleo
no mercado internacional.
No texto do memorando de política econômica que relatou a revisão do acordo com o FMI está
escrito que "o governo pretende
reajustá-los (os preços) periodicamente à luz de variações nos
preços internacionais do petróleo
e da taxa de câmbio".
A taxa de câmbio flutua desde
janeiro, e o custo de importação
do petróleo sobe toda a vez que o
real desvaloriza. Para garantir um
resultado menos desfavorável nas
contas públicas, o governo se
comprometeu a aumentar o preço dos combustíveis toda vez que
o dólar se valorizar sobre o real.
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