UOL


São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELECOMUNICAÇÕES

Conglomerado mexicano, dono da marca Claro, passa a ter 8,4 milhões de clientes de celulares no país

América Móvil compra BCP por US$ 625 mi

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo mexicano América Móvil, dono da Claro, segunda maior companhia de telefonia celular do Brasil, afirmou ontem que fechou um acordo para a compra da BCP, operadora de celulares da Grande São Paulo. O negócio foi fechado por um valor de US$ 625 milhões.
Com o negócio, a Claro aumentará o número de clientes no país de 6,7 milhões para 8,4 milhões. A venda da BCP ocorreu depois de 18 meses de impasse na companhia. Em março de 2002, os acionistas da BCP deixaram de pagar uma dívida de US$ 375 milhões a 41 bancos credores.
A partir daí, a companhia entrou em crise financeira e chegou a acumular uma dívida de US$ 1,5 bilhão. Os bancos credores, liderados pelo ABN Amro Bank, assumiram a incumbência de buscar um comprador para a companhia, cujos principais acionistas são a americana BellSouth e a Verbier (empresa dos irmãos Joseph e Moise Safra). Nas últimas semanas, a América Móvil e a TIM disputavam o negócio.
Carlos Henrique Moreira, presidente da Claro, disse que a compra, que precisa ainda da aprovação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), prevê somente o pagamento dos US$ 625 milhões. "Vamos assumir o controle da BCP sem que ela tenha quase nenhuma dívida", afirmou Moreira.
Ou seja, a América Móvil, dona da Claro, conseguiu comprar uma empresa que devia US$ 1,5 bilhão por menos da metade desse débito. Os sócios da BCP não receberão nada pela operação. "Ainda estamos negociando um acordo com os sócios minoritários Oesp [que edita o jornal "O Estado de S.Paulo'] e Splice."
A reestruturação da dívida da BCP foi coordenada pela Rio Bravo, holding de intermediação de investimentos que tem entre seus sócios o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco.

Filé mignon
Para Moreira, a compra da BCP adiantará em quatro anos os planos que a Claro tem para atuar na Grande São Paulo. Isso porque o negócio permite ter de uma vez só os 1,7 milhão de clientes da BCP.
A operadora é a segunda maior da Grande São Paulo, inferior em número de clientes somente à Vivo. A TIM é a terceira empresa de telefonia móvel da região, que possui atualmente cerca de 3,5 milhões de usuários de celulares.
O mercado da Grande São Paulo é considerado o filé mignon da telefonia celular do país. A população possui mais renda. E a penetração de celulares no Estado de São Paulo é menor do que no Rio de Janeiro, por exemplo.
São Paulo possui 10,1 milhão de celulares em operação. De cada 100 paulistas, 26,2 têm os aparelhos. No Rio de Janeiro, existem 5,9 milhões de celulares. A penetração dos equipamentos é de 39,9 para cada 100 fluminenses.
A Claro possui uma licença própria para atuar sozinha na Grande São Paulo. Pretendia iniciar as operações com ela no dia 1º de outubro. Moreira devolverá a licença, pela qual deveria pagar R$ 309,7 milhões à Anatel. A multa pela devolução é de 10% do valor.
No entanto, a fim de atuar com a BCP com a tecnologia GSM, que permite navegação em alta velocidade na internet, a Claro terá de pagar outra licença para a Anatel. O valor não foi definido. A BCP opera hoje com o sistema TDMA.
"A BCP terá as duas tecnologias. Em 30 dias devemos concluir os entendimentos com a Anatel." A agência não foi notificada ainda do acordo de venda da operadora.
A compra da BCP pela Claro foi intermediada pelo banco Merril Lynch. Whitney Johnson, analista da instituição, considerou o negócio excelente para o grupo América Móvil. Isso porque o valor estimado pelo banco para a BCP era de US$ 750 milhões.
Moreira afirmou que a Telemar, dona da operadora de telefonia celular Oi, tem opção de compra de parte da BCP. "Mas a Claro será majoritária na empresa, e os celulares serão da nossa marca."


Texto Anterior: Aplicações: Bolsa sobe 11,8% e lidera ranking
Próximo Texto: Para Anatel, participação da Telemar é salutar
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.