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TELECOMUNICAÇÕES
Conglomerado mexicano, dono da marca Claro, passa a ter 8,4 milhões de clientes de celulares no país
América Móvil compra BCP por US$ 625 mi
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo mexicano América
Móvil, dono da Claro, segunda
maior companhia de telefonia celular do Brasil, afirmou ontem
que fechou um acordo para a
compra da BCP, operadora de celulares da Grande São Paulo. O
negócio foi fechado por um valor
de US$ 625 milhões.
Com o negócio, a Claro aumentará o número de clientes no país
de 6,7 milhões para 8,4 milhões. A
venda da BCP ocorreu depois de
18 meses de impasse na companhia. Em março de 2002, os acionistas da BCP deixaram de pagar
uma dívida de US$ 375 milhões a
41 bancos credores.
A partir daí, a companhia entrou em crise financeira e chegou
a acumular uma dívida de US$ 1,5
bilhão. Os bancos credores, liderados pelo ABN Amro Bank, assumiram a incumbência de buscar um comprador para a companhia, cujos principais acionistas
são a americana BellSouth e a
Verbier (empresa dos irmãos Joseph e Moise Safra). Nas últimas
semanas, a América Móvil e a
TIM disputavam o negócio.
Carlos Henrique Moreira, presidente da Claro, disse que a compra, que precisa ainda da aprovação da Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações), prevê somente o pagamento dos US$ 625
milhões. "Vamos assumir o controle da BCP sem que ela tenha
quase nenhuma dívida", afirmou
Moreira.
Ou seja, a América Móvil, dona
da Claro, conseguiu comprar
uma empresa que devia US$ 1,5
bilhão por menos da metade desse débito. Os sócios da BCP não
receberão nada pela operação.
"Ainda estamos negociando um
acordo com os sócios minoritários Oesp [que edita o jornal "O
Estado de S.Paulo'] e Splice."
A reestruturação da dívida da
BCP foi coordenada pela Rio Bravo, holding de intermediação de
investimentos que tem entre seus
sócios o ex-presidente do Banco
Central Gustavo Franco.
Filé mignon
Para Moreira, a compra da BCP
adiantará em quatro anos os planos que a Claro tem para atuar na
Grande São Paulo. Isso porque o
negócio permite ter de uma vez só
os 1,7 milhão de clientes da BCP.
A operadora é a segunda maior
da Grande São Paulo, inferior em
número de clientes somente à Vivo. A TIM é a terceira empresa de
telefonia móvel da região, que
possui atualmente cerca de 3,5
milhões de usuários de celulares.
O mercado da Grande São Paulo é considerado o filé mignon da
telefonia celular do país. A população possui mais renda. E a penetração de celulares no Estado de
São Paulo é menor do que no Rio
de Janeiro, por exemplo.
São Paulo possui 10,1 milhão de
celulares em operação. De cada
100 paulistas, 26,2 têm os aparelhos. No Rio de Janeiro, existem
5,9 milhões de celulares. A penetração dos equipamentos é de
39,9 para cada 100 fluminenses.
A Claro possui uma licença própria para atuar sozinha na Grande
São Paulo. Pretendia iniciar as
operações com ela no dia 1º de outubro. Moreira devolverá a licença, pela qual deveria pagar R$
309,7 milhões à Anatel. A multa
pela devolução é de 10% do valor.
No entanto, a fim de atuar com
a BCP com a tecnologia GSM, que
permite navegação em alta velocidade na internet, a Claro terá de
pagar outra licença para a Anatel.
O valor não foi definido. A BCP
opera hoje com o sistema TDMA.
"A BCP terá as duas tecnologias.
Em 30 dias devemos concluir os
entendimentos com a Anatel." A
agência não foi notificada ainda
do acordo de venda da operadora.
A compra da BCP pela Claro foi
intermediada pelo banco Merril
Lynch. Whitney Johnson, analista
da instituição, considerou o negócio excelente para o grupo América Móvil. Isso porque o valor estimado pelo banco para a BCP era
de US$ 750 milhões.
Moreira afirmou que a Telemar,
dona da operadora de telefonia
celular Oi, tem opção de compra
de parte da BCP. "Mas a Claro será majoritária na empresa, e os celulares serão da nossa marca."
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