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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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INTEGRAÇÃO

Co-presidente americano do bloco ri de torta

EUA dizem que Alca é vantagem para o Brasil concorrer com a China

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O co-presidente americano da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), embaixador Peter Allgeier, disse ontem no Rio que uma futura vantagem na concorrência com a China é um bom motivo para o Brasil assinar o acordo de livre comércio.
Segundo ele, a China, com quem os EUA têm déficit comercial de US$ 100 bilhões, é um dos concorrentes do Brasil na disputa pelo mercado americano.
"Com a negociação da Alca, o Brasil terá acesso preferencial aos Estados Unidos. Isso é algo para o qual também se deve olhar", afirmou Allgeier, dizendo que, se o Brasil se sente preparado, deve então competir com a China.
Allgeier passou os últimos dois dias em reuniões no Rio com o co-presidente brasileiro da Alca, Adhemar Bahadian.
Questionado se esperava que a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) provocasse uma mudança na posição brasileira na Alca, Allgeier disse que estava acompanhando o assunto.
"O governo brasileiro vê a importância de expandir seu comércio, particularmente nas exportações. Esperamos que haja um entendimento de que, para abrir o comércio para exportações, é preciso abrir para importações."

Exportação de açúcar
Anteontem, um ativista do movimento Confeiteiros sem Fronteiras atirou uma torta no rosto de Allgeier durante uma entrevista coletiva no Palácio Itamaraty (centro). Um dia depois, Allgeier riu do episódio, "uma maneira estranha de exportar açúcar", e disse entender que a Alca provoque resistências em vários países.
"Esse é um tema controverso no Brasil e também nos Estados Unidos. Há muitas pessoas nos EUA que não estão convencidas de que o que fizemos na Nafta (Área de Livre Comércio da América do Norte) não era a coisa certa. Em todas as sociedades, há um debate político vigoroso [sobre isso]."
Na 1ª Delegacia de Polícia, no centro, o caso da torta atirada em Allgeier foi registrado como injúria. O estudante Lucas Leitão Silveira foi liberado anteontem à noite mesmo.
O Consulado dos Estados Unidos no Rio informou que, por intermédio do Itamaraty, Allgeier foi indagado se gostaria de dar queixa contra o estudante. Disse que não. Mesmo assim, a delegacia enviará uma cópia do registro ao consulado, indagando novamente sobre a queixa.
Um universitário integrante do movimento Confeiteiros sem Fronteiras, que pediu para ser identificado apenas como Rafael, disse que se surpreendeu com a atitude do embaixador."Fiquei surpreso. Achei que ia ser mais complicado [na delegacia]."


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