São Paulo, quinta-feira, 30 de agosto de 2007

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Em dia de recuperação, Bolsa de SP avança 2,11%

Sem notícias negativas, investidores voltam a comprar ações; dólar recua 1,75%

Divulgação de carta de Bernanke dizendo que Fed está "pronto para agir" na crise, se necessário, dá força aos mercados; NY sobe 1,9%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após as perdas de terça-feira, ontem foi dia de as Bolsas de Valores se recuperarem. Apenas o mercado asiático terminou no vermelho. A Bovespa operou em alta durante todo o pregão e terminou com ganhos de 2,11%. A Bolsa de Nova York teve valorização de 1,90%.
O dólar se depreciou diante do real: com queda de 1,75%, a moeda americana encerrou vendida a R$ 1,967.
Com novas indicações do Fed (o banco central dos EUA) de que está "pronto para agir" na crise se necessário e a ausência de notícias que alimentem os temores em relação à extensão dos problemas no mercado de crédito habitacional nos EUA, a ordem foi comprar ações. Títulos da dívida externa de emergentes também foram alvo de procura mais forte, o que derrubou seus indicadores de risco. O risco-país brasileiro caiu 3,38%, para 200 pontos.
Quando os investidores vendem papéis da dívida, o risco-país -que é calculado a partir de uma cesta de títulos- se eleva. Nos períodos de maior compra, o risco recua.
Ter um risco menor significa que o país carrega menos riscos de dar calote em sua dívida.
No mercado acionário europeu, houve altas nas principais praças financeiras. A Bolsa de Londres subiu 0,49%; Madri se apreciou 0,42%; e Frankfurt teve alta de 0,12%.
Como qualquer informação econômica mal recebida tem derrubado os mercados, amanhã pode ser um dia especialmente crítico.
Ben Bernanke, o poderoso presidente do Fed, irá fazer amanhã um discurso no qual abordará os problemas do setor imobiliário do país. Outro ponto importante no dia será a apresentação do resultado do PCE (índice de gastos pessoais dos americanos, na sigla em inglês), que é o indicador de inflação favorito da autoridade monetária americana.
Ontem foi divulgada carta de Bernanke ao senador democrata Charles Schumer em que diz que o Fed está pronto para atuar e evitar que a crise hipotecária prejudique a economia norte-americana.
Dentro de sua política de atuação no mercado neste momento de crise, o Fed injetou mais US$ 5,25 bilhões no sistema bancário dos Estados Unidos ontem, como forma de elevar a liquidez e conter a pressão sobre as taxas de juros.
André Segadilha, gerente de análise da Prosper Corretora, afirma que "sem dados relevantes previstos na agenda econômica", os pregões tendiam mesmo a ser melhores ontem do que na terça-feira. "Mas a indefinição de curto prazo para os preços dos ativos de risco se mantém", afirma.

Recuperação
O desempenho das ações da Vale do Rio Doce foi fundamental para o resultado positivo da Bolsa de Valores de São Paulo ontem. A ação preferencial "A" da companhia se valorizou 4,14%, recuperando as perdas do pregão anterior. Seu papel ordinário subiu 3,64%.
A ação PNA da Vale foi a mais girada no pregão (quase 8.000 negócios), com participação de 14% nas operações totais realizadas ontem.
Já o papel que tem maior peso na composição do índice Ibovespa -que reúne as 60 ações mais negociadas da Bolsa-, o preferencial da Petrobras, teve alta de 2,16%.
Desde o começo da turbulência no mercado financeiro, na última semana de julho, a Bovespa acumula desvalorização de 9,14%. Considerando seu desempenho anual, a Bolsa paulista tem ganhos de 18,57%, batendo o resultado de outras aplicações, como a renda fixa, que tem rentabilidade média de 8% em 2007.


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