São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 2002

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Chance de calote brasileiro por ora é baixa, diz diretor da Merrill Lynch

DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O diretor para mercados emergentes da América Latina na Merrill Lynch, Tulio Vera, avalia que o risco de ocorrer um calote da dívida interna brasileira é baixo. Mas entende que a situação da dívida externa "é um pouco mais complicada".
Em sua opinião, caso o candidato petista à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, vença a eleição e demore a apresentar medidas na área econômica, a probabilidade de calote aumenta.
"Acho que depois de algum tempo pode haver uma situação em que se torne difícil administrar a dívida externa. Ainda não vejo uma probabilidade alta de um calote externo, mas acho que há alguma chance disto ao longo dos próximos 18 meses."
Para ele, a baixa probabilidade de calote interno se deve ao fato de a maior parte da dívida interna estar nas mãos de fundos de pensão, fundos mútuos e bancos nacionais ou instalados no país. "Não é fácil reestruturar a dívida no Brasil, e, além disso, acho que também há a experiência com o [presidente Fernando" Collor, do congelamento dos depósitos. Então, acho que não seria uma probabilidade alta."
Em sua opinião, um aspecto determinante para o que pode acontecer com a dívida externa brasileira é o cenário econômico internacional. "Uma coisa é como o mundo estará logo depois das eleições. É um mundo mais benigno ou é um mundo com muito estresse? Isso é muito importante. Em um cenário de estresse, o Lula terá muitas dificuldades nos primeiros meses. Mas, se for um cenário mundial mais benigno, será mais fácil."
Na semana passada, a Merrill Lynch rebaixou sua recomendação de compra dos títulos brasileiros. Vera justificou sua decisão por conta dessas incertezas no cenário político.


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