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EFEITO CASCATA
Risco seria o embargo atingir Sul, que responde por 85% das exportações; produtor independente sofreia mais
Suspeita no Paraná ameaça suinocultura
DA REDAÇÃO
Os suinocultores paranaenses
aguardam a demorada definição
sobre a febre aftosa no Paraná.
Terceiro maior exportador nacional de carne suína, o Estado poderá sofrer embargo também desse
tipo de carne.
Para Pedro Camargo Neto, diretor-executivo da Abipecs (associação de produtores e exportadores), a retirada do Paraná das
exportações certamente prejudica
a suinocultura. Mas ele acredita
que os embargos devam prejudicar muito pouco. E cita dois motivos básicos. "Dezembro é um mês
em que os portos da Rússia ficam
fechados devido ao inverno rigoroso. Os russos já estão com os estoques formados."
Outro fator importante é a
maior demanda interna no fim do
ano. "Somados esses dois fatos, a
suinocultura deve se salvar", diz.
Luciano Ropa, médico veterinário e especialista no setor, afirma
que as exportações são importantes para o país. A produção brasileira visa atualmente mais o setor
externo do que o interno.
Enquanto o consumo interno
está estacionado em 12,3 quilos
per capita por ano, as exportações
devem subir de 507 mil toneladas,
em 2004, para 600 mil, neste ano.
Camargo Neto acredita que um
embargo russo, o principal país
importador de carne suína do
Brasil, seria restrito ao Paraná,
que exporta de 100 mil a 120 mil
toneladas por ano. Ropa diz que,
se esse embargo se estender para a
região Sul, que exporta 85% da
carne brasileira, seria um desastre. "Essa região não pode falhar
em nada", diz ele.
Os produtores independentes
-os que não estão ligados a uma
agroindústria- seriam os maiores prejudicados em razão de negociarem diariamente com os frigoríficos. Já os produtores integrados vendem para agroindústrias, que têm maiores facilidades
em colocar o produto no mercado
na forma de carne sem osso ou de
embutidos.
Ropa diz que um problema na
suinocultura paranaense se estenderia também à lavoura. Em 2001,
com a crise da suinocultura, os
produtores desviaram renda das
safras de grãos para o pagamento
de dívidas nesse setor. Agora, a
renda da venda de carne suína é
que está bancando as dívidas provocadas pelas perdas com milho e
soja.
Os preços da carne suína estão
em queda, o que é difícil de entender, principalmente em São Paulo, Estado que consome mais do
que produz. Os compradores estão fazendo estoques com preços
baixos para vender mais caro daqui a 30 dias, diz ele.
(MZ)
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