São Paulo, domingo, 30 de outubro de 2005

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EFEITO CASCATA

Risco seria o embargo atingir Sul, que responde por 85% das exportações; produtor independente sofreia mais

Suspeita no Paraná ameaça suinocultura

DA REDAÇÃO

Os suinocultores paranaenses aguardam a demorada definição sobre a febre aftosa no Paraná. Terceiro maior exportador nacional de carne suína, o Estado poderá sofrer embargo também desse tipo de carne.
Para Pedro Camargo Neto, diretor-executivo da Abipecs (associação de produtores e exportadores), a retirada do Paraná das exportações certamente prejudica a suinocultura. Mas ele acredita que os embargos devam prejudicar muito pouco. E cita dois motivos básicos. "Dezembro é um mês em que os portos da Rússia ficam fechados devido ao inverno rigoroso. Os russos já estão com os estoques formados."
Outro fator importante é a maior demanda interna no fim do ano. "Somados esses dois fatos, a suinocultura deve se salvar", diz.
Luciano Ropa, médico veterinário e especialista no setor, afirma que as exportações são importantes para o país. A produção brasileira visa atualmente mais o setor externo do que o interno.
Enquanto o consumo interno está estacionado em 12,3 quilos per capita por ano, as exportações devem subir de 507 mil toneladas, em 2004, para 600 mil, neste ano.
Camargo Neto acredita que um embargo russo, o principal país importador de carne suína do Brasil, seria restrito ao Paraná, que exporta de 100 mil a 120 mil toneladas por ano. Ropa diz que, se esse embargo se estender para a região Sul, que exporta 85% da carne brasileira, seria um desastre. "Essa região não pode falhar em nada", diz ele.
Os produtores independentes -os que não estão ligados a uma agroindústria- seriam os maiores prejudicados em razão de negociarem diariamente com os frigoríficos. Já os produtores integrados vendem para agroindústrias, que têm maiores facilidades em colocar o produto no mercado na forma de carne sem osso ou de embutidos.
Ropa diz que um problema na suinocultura paranaense se estenderia também à lavoura. Em 2001, com a crise da suinocultura, os produtores desviaram renda das safras de grãos para o pagamento de dívidas nesse setor. Agora, a renda da venda de carne suína é que está bancando as dívidas provocadas pelas perdas com milho e soja.
Os preços da carne suína estão em queda, o que é difícil de entender, principalmente em São Paulo, Estado que consome mais do que produz. Os compradores estão fazendo estoques com preços baixos para vender mais caro daqui a 30 dias, diz ele. (MZ)


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