São Paulo, domingo, 30 de outubro de 2005

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TRANSIÇÃO

Kodak e Fuji direcionam investimentos para área de impressão de imagem

Na era digital, gigantes da foto mudam ação no Brasil

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Sofrendo diretamente os efeitos do crescimento da tecnologia digital na fotografia, duas gigantes do setor, Kodak e Fuji, começam a implementar mudanças profundas em suas estruturas e estratégias no Brasil com o objetivo de manter a liderança num mercado cada vez mais disputado.
Depois de um século apostando na venda de filmes fotográficos, as duas multinacionais começam a direcionar seus investimentos principalmente para o setor de impressão de imagens.
E, para garantir competitividade, anunciaram a redução de custos com o fechamento de suas fábricas em São Paulo e a concentração da produção na Zona Franca de Manaus (AM).
No final de dezembro, a Kodak concluirá a desativação de sua fábrica em São José dos Campos (91 km de São Paulo). O fechamento da unidade, inaugurada em 1972, implicará a demissão de 650 funcionários. Até março de 2006, a Fuji encerrará a produção na vizinha Caçapava (112 km de São Paulo), iniciada em 1973. Cerca de 200 vagas serão eliminadas.
As duas empresas apontam que o avanço das câmeras digitais no mercado brasileiro nos últimos três anos as forçaram a adotar tais medidas, encaradas como "inevitáveis" para a sobrevivência.
De acordo com dados da Abimfi (Associação Brasileira da Indústria de Material Fotográfico e de Imagem), 30 mil câmeras digitais haviam sido vendidas no país até 2002. No final deste ano, deve-se atingir 7,5 milhões de unidades.

Menos filmes
A tecnologia digital provocou uma forte queda na venda de filmes fotográficos, produto que ainda é responsável por metade do faturamento das companhias no Brasil. Em 2002, 89 milhões de rolos foram vendidos. Neste ano, o número deve baixar para 60 milhões (queda de 33%).
Como a previsão é que os filmes fotográficos devam perder cada vez mais espaço nos próximos anos, Fuji e Kodak anunciaram que seus investimentos serão direcionados agora para a área de impressão de imagens, essencialmente a imagem capturada com câmeras digitais. Mas, alegando questão de estratégia, não mencionam valores.
"Cerca de 55% do nosso investimento nos próximos dois anos vai estar diretamente focado em facilitar a impressão de fotos digitais para os consumidores. Acreditamos que já a partir de 2006 o crescimento do faturamento na parte de impressão e venda de máquinas digitais acabe por compensar a queda no faturamento com filmes", disse o diretor-geral da divisão de fotografia da Kodak no Brasil, Fernando Bautista.
Entre os produtos incluídos na nova estratégia da empresa estão os papéis fotográficos e as estações de impressão de fotografias (lojas, quiosques de auto-atendimento), além da linha Easyshare, "coração da estratégia" da Kodak, que compreende quatro modelos de câmeras digitais e uma impressora portátil.
A impressora se conecta diretamente nessas câmeras, não precisa estar ligada a um computador para funcionar e imprime fotos na hora.
Apesar de menos agressiva do que a rival, a estratégia de mercado da Fuji também enxerga na impressão de fotografias um mercado em expansão. A empresa aposta suas fichas na venda dos minilabs Frontier, de papel fotográfico, e nas câmeras digitais da linha Finepix, que oferece seis modelos de máquinas amadoras.
"Enquanto as vendas de filmes caíram cerca de 10% no ano passado, tivemos um crescimento na venda de papéis fotográficos quase que na mesma proporção. Isso demonstra o aumento na demanda por impressões de fotografias", disse o gerente nacional de vendas da Fuji, Sérgio Takayama.


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