São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2006

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Indústria cultural emprega 4,5% dos trabalhadores

De 3,7 milhões de pessoas, só 1,4 milhão tem carteira assinada, afirma IBGE

Média do rendimento, incluindo os não-formais, foi de R$ 705, praticamente a mesma do conjunto de todos os trabalhadores

DA SUCURSAL DO RIO

O setor cultural ocupa, no Brasil, 3,7 milhões de pessoas, ou 4,5% do total de trabalhadores. Sua receita líquida em 2003 foi de R$ 156 bilhões, o que representa 7,9% do total da receita de todos os setores.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estimou a participação da cultura na economia a partir de indicadores de várias de suas pesquisas. Uma delas mostra que as empresas do setor foram responsáveis em 2003 por 6% do valor adicionado na economia brasileira.
Esse valor é calculado a partir da comparação do custo de produção e do preço final. Se o custo de produção de um CD é de R$ 5 e ele é vendido por R$ 20, isso significa que o valor adicionado foi de R$ 15.
O número de empresas formais trabalhando direta ou indiretamente na área foi de 269 mil, ou 5,2% do total. Elas empregam 1,4 milhão de pessoas.
O analista do IBGE Luiz Fernando de Melo, que trabalhou na pesquisa, explica que essa diferença no total de empregados nas empresas (1,4 milhão) com o total na população (3,7 milhões) acontece por causa do peso dos informais no setor.
"Muitos trabalhadores do setor cultural não têm carteira assinada. Podem ser free-lancers que trabalham só no período do Natal ou outros profissionais que não contribuem para a Previdência Social", afirma Melo.
Considerando todos os trabalhadores (de empresas formais ou não), a média do rendimento deles foi de R$ 705, praticamente a mesma verificada no conjunto de todos os trabalhadores.

Mais estudo
Mesmo ganhando o mesmo, o levantamento mostra que o trabalhador na área de cultura tem mais escolaridade que os demais.
Para o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, os dados sugerem que é preciso valorizar mais o trabalho dos que estão ocupados no setor.
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, diz que esses dados podem ajudar o ministério a lutar por mais verbas.
"Trata-se de um primeiro passo. Um passo, no entanto, importantíssimo. Desde a sua criação, há 20 anos, o ministério tem ocupado os últimos lugares no ranking do Orçamento do país, cambaleando entre 0,2% e 0,6% dos recursos do governo federal, como ocorreu nos últimos quatro anos. Percebendo o peso das atividades culturais, poderemos ter uma positiva conseqüência nas definições de orçamento e investimento", disse o ministro.


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