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Empresas de papel exigiram reunião de última hora
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O acordo firmado entre o
BNDES e a AES quase foi desfeito no final de semana. Na
noite de sábado, por volta das
21h, um impasse de última hora quase pôs tudo a perder.
Reunidos no Rio, no escritório de advocacia Bocater, Camargo, Costa e Silva, os envolvidos na negociação pelo lado
do BNDES se recusavam a bater o martelo enquanto a empresa norte-americana não
apresentasse garantias adicionais às empresas de papel (holdings e subholdings com sede
em paraísos fiscais) incluídas
no acordo.
O BNDES não queria incluir
no acordo empresas cujos balanços não foram auditados pelo banco. A AES considerava irrelevante essa exigência.
De acordo com o que a Folha
apurou, a AES esticou a corda
da negociação ao máximo para
tentar se aproveitar do fato de o
BNDES querer fechar o acordo
para evitar um megaprejuízo
no seu balanço deste ano.
O BNDES foi obrigado a endurecer a negociação, e o acordo foi praticamente desfeito. O
impasse durou algumas horas,
até que a AES concordou em
dar as garantias adicionais e, finalmente, o martelo pôde ser
batido.
Todos os passos da negociação foram acompanhados por
Carlos Lessa, presidente do
BNDES, da sua casa em Teresópolis, e por Joseph Brandt, o segundo homem da AES e negociador oficial da empresa, por
meio de videoconferência.
A assinatura das mais de
4.000 páginas do acordo se estendeu até as 4h da manhã de
domingo. Quem assinou pelo
BNDES foi Roberto Timótheo
da Costa, diretor financeiro do
banco. Pela AES, foi Eduardo
Bernini, presidente da Eletropaulo.
Depois de os documentos terem sido todos assinados, o advogado Francisco Costa e Silva,
que participou da negociação,
abriu seis garrafas de champanhe para comemorar o acordo.
No domingo, às 11h da manhã, Timótheo levou a papelada a Teresópolis, que fica a uma
hora e meia do Rio, para Lessa
assinar os documentos. Ele ficou mais duas horas assinando
a papelada.
Os 11 meses de negociação
entre o BNDES e a AES foram
muito duros. Em setembro,
quando foi selado o acordo
preliminar entre as duas partes,
o chamado memorando de entendimento, foi preciso Roberto Timótheo da Costa dar um
soco na mesa para a empresa
americana concordar em assinar o acordo. Só depois disso o
memorando de entendimento
foi assinado.
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