|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Varejo estende prazos e "pulveriza" calote
Lojas postergam 1ª parcela, e atrasos, comuns a partir do 4º mês, devem ser mais sentidos em agosto
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As estratégias de venda do
varejo neste Natal devem alterar o "calendário do calote" do
comércio e expandir o período
de inadimplência em 2007 para
além do intervalo regular. Foi o
aumento no calote em 2006
que, em parte, postergou maiores reduções nas taxas de juros
ao mercado e "segurou" uma
expansão mais vigorosa das
vendas do varejo no ano.
Como as lojas tentaram
atrair clientes para elevar as
vendas de final de ano, um dos
caminhos foi postergar o pagamento da primeira parcela das
compras a prazo para março e
abril, como o fizeram grandes
redes de varejo de eletroeletrônicos e móveis neste ano. Historicamente, consumidores começam a ter dificuldades para
quitar a "mensalidade" no crediário na terceira ou quarta
parcela. É nesse momento que
os atrasos começam. Como
neste ano foram feitas vendas
com o primeiro pagamento datado apenas para março ou
abril, o calote pode se dar mais
tarde, em julho ou agosto -meses em que, no passado, o comércio já trabalhava com baixos níveis de insolvência.
Entidades do comércio estão
a par desse movimento. Emílio
Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo, diz
que poderá haver um "espaçamento" da inadimplência pelo
ano, com picos em diferentes
meses, mas, por outro lado, essa "pulverização" tem um fator
positivo. Ela ajudaria a reduzir
a pressão do calote naqueles
períodos geralmente mais freqüentes, como março e abril.
Isso, obviamente, se o cliente
que fez a compra -e deve começar a quitá-la a partir de
março ou abril- já não estiver
na lista de inadimplentes no
começo do ano por causa do
não-pagamento de outras contas -IPTU, IPVA, por exemplo.
Tendência
Em 2006, esse movimento
de "pulverização" do calote pelo ano já foi perceptível. Para
expandir a demanda no Natal
de 2005, as lojas passaram a
vender televisores, DVDs, entre outros eletrônicos, além de
móveis, com o primeiro pagamento para após o Carnaval. A
Casas Bahia, por exemplo, fez
isso no Natal do ano passado
-neste ano, aceita fazer a venda com a parcela inicial paga
em março. A Marabras, loja popular de móveis, também estendeu os prazos de pagamentos nos dois últimos Natais.
Com isso, o período mais
concentrado de atrasos nas
contas já deu sinais de mudança em 2006. O volume de registros recebidos de contas em
atraso teve o pico em fevereiro,
seguido de maio e agosto, esses
dois quase empatados. Agosto
tem se destacado como um período de saltos na inadimplência há dois anos. Em 2006, foram quase 414 mil registros recebidos de nomes de pessoas
com alguma dívida aberta, segundo a ACSP. Foi o terceiro
pior resultado do ano. O mesmo aconteceu em 2004 e 2005.
Sem riscos
Os efeitos nocivos desse movimento no mercado podem
ser administráveis, na avaliação de especialistas. "Não vemos riscos porque não estamos
trabalhando com uma explosão
do calote pelo ano", diz Alfieri,
da ACSP. Houve uma subida,
porém, neste ano. O número de
registros excluídos de nomes
com problemas na praça em
dezembro de 2006 é 3,9%
maior que o verificado em
2005. Para os registros incluídos, a previsão é a de uma alta
maior, de 5,3%. Ao analisar o
ano todo, há um ligeiro crescimento de 5,4% na inadimplência em 2006, contra 5% no
mesmo período de 2005.
Texto Anterior: Indústria prevê 4º trimestre mais aquecido Próximo Texto: Lula veta desconto para empresa do Refis Índice
|