São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2000


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FINANÇAS PÚBLICAS
Resultado foi o pior em 25 anos; intervenção no mercado cambial e Proer influíram no resultado
BC teve prejuízo de R$ 13 bi em 1999

da Sucursal de Brasília

O Banco Central teve prejuízo de R$ 13 bilhões no balanço de 1999, o segundo pior resultado da instituição nos últimos 25 anos. Em 1998, o BC teve lucro de R$ 3,9 bilhões.
De acordo com o balanço da instituição divulgado ontem, o Banco Central teve de fazer uma reserva de R$ 9,7 bilhões por causa de empréstimos a bancos em liquidação que poderão ficar sem pagamento.
O saldo devedor desses empréstimos soma hoje R$ 29,9 bilhões. Esse dinheiro foi repassado aos bancos pelo Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) e por meio de empréstimos para cobrir a falta de recursos dos bancos liquidados.
""O BC não tem como objetivo gerar lucro. O Ministério da Educação, por exemplo, só tem despesa. O objetivo do BC é assegurar a estabilidade da moeda nacional", disse o presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
O resultado negativo do Banco Central aumentou na mesma proporção a dívida do setor público durante o ano de 99. Boa parte do prejuízo do BC está ligada à atuação da instituição no sentido de tentar manter o sistema cambial anterior.
O BC, por meio do Banco do Brasil, vendeu dólares no mercado futuro com uma cotação inferior à que foi exigida no momento da liquidação do contrato. Entre a operação e a sua liquidação, houve a desvalorização do real.

Marka e FonteCindam
O prejuízo do BC com essas operações, que incluem a ajuda aos bancos Marka e FonteCindam, foi de R$ 7,6 bilhões. Esse prejuízo levou o FMI (Fundo Monetário Internacional) a exigir a retirada completa da instituição do mercado futuro.
Segundo Fraga, o CMN (Conselho Monetário Nacional) também aprovou mudanças nas regras de contabilização dos créditos do banco. ""Nós passamos a exigir nesse balanço as mesmas regras que exigimos do setor privado", disse Fraga.
Como resultado disso, o BC elevou suas provisões para devedores duvidosos em R$ 4,5 bilhões em relação ao balancete apurado em novembro de 99. Naquele mês, o prejuízo do BC estava em R$ 9,7 bilhões.
Cerca de R$ 3 bilhões das provisões foram reservados por causa de uma reavaliação para baixo dos créditos oferecidos pelos bancos em liquidação ao BC. R$ 1,5 bilhão corresponde a uma atualização desses ativos pelos preços de mercado.
Antes das novas regras, o BC considerava o valor de mercado ou o preço de aquisição do ativo corrigido, optando pelo valor menor.
O presidente do BC lembrou, porém, que, no tempo da inflação sem controle, o BC dava lucros enormes por causa da correção monetária de seus títulos. Em 87, por exemplo, o lucro foi de R$ 41,8 bilhões.


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