DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A alta do dólar ocorrida neste mês deverá provocar aumento de R$ 60 bilhões na dívida do setor público consolidado (União, Estados, municípios e estatais). Esse será o efeito sentido pelas contas do governo caso a cotação da moeda dos EUA se mantenha em R$ 3,30.
No final de junho, segundo os dados oficiais mais recentes, a dívida pública somava R$ 750 bilhões. Desse total, cerca de metade -ou R$ 375 bilhões- é corrigida pela variação do dólar. Trata-se da dívida externa do governo somada à parcela da dívida interna atrelada à taxa de câmbio.
Com a alta do dólar, o tamanho da dívida em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) deve ultrapassar os 60%. Em junho, essa proporção estava em 58,6%. Segundo cálculos do Banco Central, cada ponto percentual de alta do dólar provoca aumento de 0,23 ponto na relação dívida/PIB.
Pela cotação média do dólar usada pelo BC para calcular o valor da dívida pública, a alta registrada neste mês está em aproximadamente 16%.
A relação entre dívida e PIB é um dos indicadores relacionados à capacidade de um governo em continuar honrando seus compromissos. O alto endividamento do setor público brasileiro tem contribuído para aumentar o nervosismo do mercado nos últimos meses.

Nervosismo
A proximidade das eleições deixa os investidores em dúvida sobre as ações que serão tomadas pelo próximo governo na administração desse grande endividamento. O nervosismo se reflete na alta do dólar, que, por sua vez, eleva ainda mais a dívida.
Além disso, em momentos de nervosismo, o BC também vende títulos públicos corrigidos pelo câmbio para tentar conter a alta do dólar. Isso aumenta a sensibilidade da dívida pública às oscilações do dólar.
Outra consequência do receio dos investidores é a desvalorização dos títulos públicos em circulação no mercado. Foi essa desvalorização que provocou fortes perdas nos fundos de investimento no mês passado. Esses fundos aplicam a maior parte dos seus recursos em papéis emitidos pelo governo.



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