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Dólar força reajuste de embalagens
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
As indústrias de embalagens,
como as de papelão ondulado,
plásticos flexíveis e latas de alumínio, se preparam para descarregar
a desvalorização do real nos seus
preços. A alta de mais de 45% do
dólar desde o início do ano começa a se tornar insuportável para
empresas como a indústria de papel São Roberto.
Segundo Roberto Nicolau Jeha,
presidente da companhia, insumos industriais atrelados à moeda americana, como tintas e colas,
e outros que aumentaram muito
nos últimos meses, como a energia elétrica e o gás, forçarão as empresas do setor a repassar um reajuste de cerca de 10% aos seus
clientes em agosto.
"Na realidade, nossos custos aumentaram 20% nos últimos meses. Temos procurado não repassar a alta, mas não podemos absorvê-la eternamente", afirmou
ontem o empresário. "Nossos
reajustes começam a entrar em
vigor no mês que vem."
A indústria de papelão ondulado, segundo Jeha, só não fará
maiores reajustes porque as indústrias que compram as embalagens se recusariam a absorvê-los.
Fabricantes de alimentos, higiene
e limpeza e bebidas serão afetadas
diretamente com a remarcação.
Diante disso, o risco de alta de inflação neste segundo semestre é
iminente.
As indústrias de panetones começam justamente a fazer os pedidos de embalagens de papelão
ondulado nas próximas semanas,
a fim de que sejam entregues meses antes do Natal.
Desestabilização
A Dixie-Toga, uma das maiores
fabricantes de embalagens de
plásticos flexíveis, também já decidiu que fará uma remarcação de
preços em agosto. "Vamos invariavelmente fazer um reajuste. Se
o dólar permanecer no patamar
acima de R$ 3, o aumento será de
8% a 10%", disse Walter Schalka,
presidente da Dixie-Toga.
Em junho, a empresa já havia
remarcado seus preços em 8%,
por causa da desvalorização de
12% da moeda brasileira, cuja cotação na época passou de R$ 2,50
para R$ 2,80 por dólar.
A indústria de latas de alumínio
acompanha atentamente a variação do dólar e pode realizar um
reajuste nos preços até setembro.
O que iria contra sua tradição de
remarcar preços somente no final
do ano. Segundo Rinaldo Lopes,
coordenador da Associação Brasileira de Alumínio, entre 85% a
90% dos custos das empresas do
setor são dolarizados.
"O alumínio é vendido pela cotação internacional, em dólar",
disse Lopes. "Estamos aguardando para ver se o dólar permanece
elevado. Se isso ocorrer, faremos remarcações em no máximo dois meses."
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