São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

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Dólar força reajuste de embalagens

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

As indústrias de embalagens, como as de papelão ondulado, plásticos flexíveis e latas de alumínio, se preparam para descarregar a desvalorização do real nos seus preços. A alta de mais de 45% do dólar desde o início do ano começa a se tornar insuportável para empresas como a indústria de papel São Roberto.
Segundo Roberto Nicolau Jeha, presidente da companhia, insumos industriais atrelados à moeda americana, como tintas e colas, e outros que aumentaram muito nos últimos meses, como a energia elétrica e o gás, forçarão as empresas do setor a repassar um reajuste de cerca de 10% aos seus clientes em agosto.
"Na realidade, nossos custos aumentaram 20% nos últimos meses. Temos procurado não repassar a alta, mas não podemos absorvê-la eternamente", afirmou ontem o empresário. "Nossos reajustes começam a entrar em vigor no mês que vem."
A indústria de papelão ondulado, segundo Jeha, só não fará maiores reajustes porque as indústrias que compram as embalagens se recusariam a absorvê-los. Fabricantes de alimentos, higiene e limpeza e bebidas serão afetadas diretamente com a remarcação. Diante disso, o risco de alta de inflação neste segundo semestre é iminente.
As indústrias de panetones começam justamente a fazer os pedidos de embalagens de papelão ondulado nas próximas semanas, a fim de que sejam entregues meses antes do Natal.

Desestabilização
A Dixie-Toga, uma das maiores fabricantes de embalagens de plásticos flexíveis, também já decidiu que fará uma remarcação de preços em agosto. "Vamos invariavelmente fazer um reajuste. Se o dólar permanecer no patamar acima de R$ 3, o aumento será de 8% a 10%", disse Walter Schalka, presidente da Dixie-Toga.
Em junho, a empresa já havia remarcado seus preços em 8%, por causa da desvalorização de 12% da moeda brasileira, cuja cotação na época passou de R$ 2,50 para R$ 2,80 por dólar.
A indústria de latas de alumínio acompanha atentamente a variação do dólar e pode realizar um reajuste nos preços até setembro. O que iria contra sua tradição de remarcar preços somente no final do ano. Segundo Rinaldo Lopes, coordenador da Associação Brasileira de Alumínio, entre 85% a 90% dos custos das empresas do setor são dolarizados.
"O alumínio é vendido pela cotação internacional, em dólar", disse Lopes. "Estamos aguardando para ver se o dólar permanece elevado. Se isso ocorrer, faremos remarcações em no máximo dois meses."



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