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CONTAS PÚBLICAS
Resultado do governo central em junho é o pior de 2003
Ministérios gastam mais,
e desempenho fiscal piora
SANDRA MANFRINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo central (Tesouro Nacional, Previdência e Banco Central) teve, em junho, o pior desempenho fiscal do ano: um superávit primário (receitas menos
despesas sem incluir gastos com
juros) de R$ 754,7 milhões. O resultado é consequência, principalmente, de um maior volume
de gastos dos ministérios.
O secretário do Tesouro, Joaquim Levy, informou que, no mês
passado, os gastos em investimentos e custeio tiveram aumento de R$ 503,9 milhões em relação
a maio, que essa pressão era prevista e que deve seguir em julho.
De acordo com Levy, o governo
não pretende fazer um esforço fiscal acima da meta traçada para o
ano -R$ 39,1 bilhões para o governo central. Ele afirmou, no entanto, que as despesas vão aumentar dentro da trajetória de
cumprimento da meta fiscal.
Além do maior volume de gastos, o resultado de junho foi afetado pelo pagamento de mais de R$
1,5 bilhão em restituições ao IRPF
(Imposto de Renda Pessoa Física), pelo pagamento de férias dos
poderes Legislativo e Judiciário e
da nona parcela do reajuste de
28,86% no salário dos servidores
civis do Executivo.
Para Levy, o aumento de gastos
públicos, associado à queda da inflação e dos juros, é uma espécie
de "miniimpulso fiscal". "É uma
maneira de a política fiscal auxiliar a retomada do crescimento
econômico", disse.
Apesar da queda em junho, no
primeiro semestre do ano o governo central acumula um superávit primário de R$ 29,154 bilhões, o equivalente a 3,94% do
PIB (Produto Interno Bruto) do
período, contra os R$ 19,8 bilhões
(3,2% do PIB) de superávit obtido
no mesmo período de 2002.
Com isso, o governo está próximo de atingir a meta fixada na
LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para o período janeiro/agosto, que é um superávit de R$
30,5 bilhões.
Para o setor público consolidado, que inclui ainda Estados, municípios e estatais, a meta fiscal
para o primeiro semestre é um superávit de R$ 34,5 bilhões. No entanto, em maio, esse resultado já
tinha sido superado com uma
economia de R$ 36,980 bilhões.
Sem detalhar, Levy disse que os
ministérios da área social estão
gastando 90% das liberações feitas pelo Tesouro. Já os demais ministérios atingiram em junho o
percentual de 70% dos gastos em
relação ao que está liberado.
"As prioridades foram escolhidas e, agora, mãos à obra", afirmou o secretário.
Apesar dessa aceleração nos
gastos, ele não está prevendo novas liberações de recursos, além
do que está programado no orçamento. "Não há expectativa de
descontingenciamento (do orçamento), no momento", disse.
Levy afirmou que algumas receitas atípicas tiveram redução
em junho, mas que não está sendo
detectada nenhuma grande queda na arrecadação de impostos.
No entanto, o secretário disse
que há uma preocupação com a
arrecadação da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico), cobrada sobre o
consumo dos combustíveis, e do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em razão de várias
decisões judiciais favoráveis ao
não-pagamento.
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