São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2004

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CERVEJAS

Interbrew usará US$ 1,8 bi para comprar ações com direito a voto, o que daria a europeus 84% do capital da brasileira

Belgas devem ampliar participação na AmBev

SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE

A cervejaria belga Interbrew pretende, até o final deste ano, recomprar todas as ações ordinárias (com direito a voto) que estão em poder do mercado para ampliar a sua participação no capital votante da brasileira AmBev -dos atuais 70% para 84%. A operação é estimada em até US$ 1,8 bilhão e será feita por meio de leilão na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
A oferta pública é o próximo passo dos belgas na conquista do mercado sul-americano de cervejas, após concluírem, na sexta-feira passada, uma troca de ações e a incorporação pela AmBev da canadense Labatt -até então pertencente à Interbrew.
O negócio criou a maior cervejaria do mundo em volume produzido. A empresa belga passa a se chamar InBev.
Segundo o gerente de relações com investidores da AmBev, Pedro Aidar, a oferta envolverá um total de 3,5 bilhões de ações ordinárias em circulação no mercado -quantidade equivalente a 14% do total existente.
No caso de adesão total dos investidores, a Interbrew passará dos 51%, atualmente, para 55% do capital total (ações ordinárias mais preferenciais) da AmBev. O preço da oferta deverá ser anunciado em 30 dias.
Apesar de os belgas terem a maioria das ações, a AmBev sustenta que, devido a um acordo, o comando da empresa será compartilhado -logo, a operação anunciada em março e concluída na última sexta-feira não se configura como uma compra do controle da AmBev pela Interbrew, mas apenas uma "aliança".

"Alasca à Patagônia"
Com o negócio entre as duas cervejarias, a Brahma deverá ser a primeira marca da AmBev a entrar no mercado norte-americano de cervejas. A marca passou a integrar o portfólio internacional da belga Interbrew.
"Com o negócio, poderemos vender cerveja do Alasca à Patagônia. Hoje, só vendemos da Guatemala para baixo", disse Aidar, em referência também às operações da empresa na Argentina, no Chile e outros países da América do Sul e Central.
Ele afirmou que o interesse é conquistar o mercado de cervejas importadas nos Estados Unidos, atualmente responsável por 20% do fornecimento da bebida no país. A Interbrew atua nesse segmento com suas marcas européias (como a alemã Beck's e a belga Stella Artois) e as marcas da canadense Labatt.
Não existe um cronograma oficial de lançamento da Brahma nos Estados Unidos. Ele disse que aguarda um estudo do mercado: "É preciso encontrar a embalagem e a mensagem adequada para o consumidor americano."

México
Quanto à entrada no México, onde a Femsa domina o mercado com a marca Sol, a AmBev ainda não tem uma estratégia definida, mas o diretor da empresa brasileira não descarta aquisições ou parcerias com engarrafadores locais de refrigerantes.
Ontem, a AmBev também informou algumas mudanças no seu organograma por conta da conclusão de sua aliança com os belgas.
A AmBev terá dois co-diretores gerais, Carlos Brito para a América do Norte e Luiz Fernando Edmond para a América Latina. Já o atual diretor-financeiro da AmBev, Luis Felipe Dutra Leite, assumirá a posição de diretor financeiro da InBev.


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