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ANO DO DRAGÃO
Gasolina sobe 9% até dezembro; inflação vai a 6% em 2003
BC prevê aumentos de gás de cozinha, gasolina e luz
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O preço da gasolina deve subir
cerca de 9% nos postos até o final
do ano, segundo projeções do
Banco Central. Em relação ao gás
de cozinha, o aumento esperado é
de 16,6%. Para o BC, o reajuste das
tarifas públicas é um dos responsáveis pela alta da inflação, que
deve chegar a 6% em 2003.
As projeções constam da ata da
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária do BC) realizada na semana passada, quando se
decidiu manter os juros básicos
da economia em 21% ao ano.
Além dos reajustes esperados
para este ano, o BC também projeta novos aumentos para a gasolina e para o gás de cozinha em
2003. A elevação dos preços também deve ficar, respectivamente,
em 9% e em 16,6%.
Essas estimativas não significam que os aumentos serão mesmo dessa magnitude, pois essas
decisões não dependem do BC. A
instituição usa esses números
apenas para fazer suas projeções
de inflação.
Graças aos reajustes das tarifas
públicas, a projeção de inflação
do ano que vem passou de 5% para 6%, valor próximo dos 6,5%
previstos pelo teto da meta fixada
pelo atual governo.
A meta de 2003, porém, pode
ser alterada por meio de um decreto presidencial que autorize o
CMN (Conselho Monetário Nacional) a fazer as modificações
que se julguem necessárias. Em
junho passado, por exemplo, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso autorizou o CMN a elevar a meta do ano que vem de
3,25% para 4%, com uma margem de tolerância de 2,5 pontos
para cima ou para baixo.
A exemplo do que já havia informado em ocasiões anteriores,
a ata da reunião do Copom diz
ainda que a meta deste ano não
será cumprida, embora não informe exatamente qual é a projeção
para a inflação do período. Será a
segunda vez em quatro anos que o
BC descumpre a meta fixada.
Revisão
Em pouco menos de um mês, a
alta do dólar mudou todas as projeções do BC relacionadas ao
comportamento da inflação neste
ano e em 2003. Passadas as eleições, foram anunciadas ontem
mudanças nas estimativas de reajustes dos preços da gasolina, do
gás de cozinha, das tarifas de
energia elétrica e da própria inflação, medida pelo IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo).
Em setembro, o BC projetava
um aumento de aproximadamente 4% para a gasolina nos últimos meses do ano. Agora, a projeção passou para 9%. A justificativa: "O repasse do aumento do
preço internacional do petróleo,
ocorrido nos últimos meses, e a
variação cambial [ocorrida] desde os últimos reajustes".
Pelos mesmos motivos, foi alterada a projeção para o preço do
gás de cozinha. No final do mês
passado, o BC esperava a manutenção dos preços atuais até dezembro. Agora, estima-se um reajuste de 16,6%. Em 2003, a energia
elétrica deverá ter reajuste médio
de 25% contra os 21% esperados
anteriormente.
O último aumento da gasolina
ocorreu em junho. Em relação ao
gás de cozinha, o último reajuste
ocorreu em agosto, quando a
ANP (Agência Nacional de Petróleo) determinou uma redução de
12% no preço do produto.
Liberados nos postos de revenda, o preço da gasolina na refinaria teve queda de 2,63% neste ano,
e o do gás de cozinha alta de
43,07%, ambos em relação a 2001.
A tarifa de energia teve reajuste
médio de 15,77%. O IPCA acumulado até setembro foi de 5,6%.
O aumento esperado nos preços
dos combustíveis simbolizam o
impacto que a disparada do dólar
tem sobre a inflação. No final de
setembro, o BC dizia que o IPCA
-índice usado como referência
para as metas do governo- iria
subir 4,5% em 2003. Há duas semanas, o número foi revisto para
aproximadamente 5% e ontem
chegou a 6%.
"A depreciação cambial foi o
principal responsável para essa
revisão", afirma a ata da última
reunião do Copom. Todas as projeções feitas pelo BC têm como
base uma taxa de câmbio de R$
3,90, próxima do registrado na
véspera da reunião do Copom.
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