São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 2002

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ANO DO DRAGÃO

Gasolina sobe 9% até dezembro; inflação vai a 6% em 2003

BC prevê aumentos de gás de cozinha, gasolina e luz

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O preço da gasolina deve subir cerca de 9% nos postos até o final do ano, segundo projeções do Banco Central. Em relação ao gás de cozinha, o aumento esperado é de 16,6%. Para o BC, o reajuste das tarifas públicas é um dos responsáveis pela alta da inflação, que deve chegar a 6% em 2003.
As projeções constam da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) realizada na semana passada, quando se decidiu manter os juros básicos da economia em 21% ao ano.
Além dos reajustes esperados para este ano, o BC também projeta novos aumentos para a gasolina e para o gás de cozinha em 2003. A elevação dos preços também deve ficar, respectivamente, em 9% e em 16,6%.
Essas estimativas não significam que os aumentos serão mesmo dessa magnitude, pois essas decisões não dependem do BC. A instituição usa esses números apenas para fazer suas projeções de inflação.
Graças aos reajustes das tarifas públicas, a projeção de inflação do ano que vem passou de 5% para 6%, valor próximo dos 6,5% previstos pelo teto da meta fixada pelo atual governo.
A meta de 2003, porém, pode ser alterada por meio de um decreto presidencial que autorize o CMN (Conselho Monetário Nacional) a fazer as modificações que se julguem necessárias. Em junho passado, por exemplo, o presidente Fernando Henrique Cardoso autorizou o CMN a elevar a meta do ano que vem de 3,25% para 4%, com uma margem de tolerância de 2,5 pontos para cima ou para baixo.
A exemplo do que já havia informado em ocasiões anteriores, a ata da reunião do Copom diz ainda que a meta deste ano não será cumprida, embora não informe exatamente qual é a projeção para a inflação do período. Será a segunda vez em quatro anos que o BC descumpre a meta fixada.

Revisão
Em pouco menos de um mês, a alta do dólar mudou todas as projeções do BC relacionadas ao comportamento da inflação neste ano e em 2003. Passadas as eleições, foram anunciadas ontem mudanças nas estimativas de reajustes dos preços da gasolina, do gás de cozinha, das tarifas de energia elétrica e da própria inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Em setembro, o BC projetava um aumento de aproximadamente 4% para a gasolina nos últimos meses do ano. Agora, a projeção passou para 9%. A justificativa: "O repasse do aumento do preço internacional do petróleo, ocorrido nos últimos meses, e a variação cambial [ocorrida] desde os últimos reajustes".
Pelos mesmos motivos, foi alterada a projeção para o preço do gás de cozinha. No final do mês passado, o BC esperava a manutenção dos preços atuais até dezembro. Agora, estima-se um reajuste de 16,6%. Em 2003, a energia elétrica deverá ter reajuste médio de 25% contra os 21% esperados anteriormente.
O último aumento da gasolina ocorreu em junho. Em relação ao gás de cozinha, o último reajuste ocorreu em agosto, quando a ANP (Agência Nacional de Petróleo) determinou uma redução de 12% no preço do produto.
Liberados nos postos de revenda, o preço da gasolina na refinaria teve queda de 2,63% neste ano, e o do gás de cozinha alta de 43,07%, ambos em relação a 2001. A tarifa de energia teve reajuste médio de 15,77%. O IPCA acumulado até setembro foi de 5,6%.
O aumento esperado nos preços dos combustíveis simbolizam o impacto que a disparada do dólar tem sobre a inflação. No final de setembro, o BC dizia que o IPCA -índice usado como referência para as metas do governo- iria subir 4,5% em 2003. Há duas semanas, o número foi revisto para aproximadamente 5% e ontem chegou a 6%.
"A depreciação cambial foi o principal responsável para essa revisão", afirma a ata da última reunião do Copom. Todas as projeções feitas pelo BC têm como base uma taxa de câmbio de R$ 3,90, próxima do registrado na véspera da reunião do Copom.


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