|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ações de bancos sobem menos que Ibovespa
Apesar de bons resultados financeiros, instituições tiveram valorização inferior à do principal índice da Bolsa de São Paulo
No ano da crise do crédito imobiliário, dos 50 maiores bancos dos EUA e da AL,
só 12 tiveram ganhos nas Bolsas em que estão listados
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
No fechamento do ano da crise do crédito imobiliário nos
EUA, ações de instituições financeiras americanas continuam a registrar perdas acentuadas. No Brasil, papéis do setor bancário encerraram 2007
com bons resultados, mas os
maiores bancos privados não
conseguiram ultrapassar o Ibovespa (principal índice da Bolsa
de São Paulo), como em 2006.
Dentre os 50 maiores bancos
por ativos dos Estados Unidos e
da América Latina, apenas 12
instituições encerraram o ano
com ganhos nas Bolsas em que
estão listados, sendo que cinco
desses bancos são brasileiros.
O levantamento feito pela
consultoria Economática, a pedido da Folha, mostra que, dos
44 maiores bancos americanos,
37 viram suas ações no vermelho no acumulado do ano, até o
dia 27 passado.
Papéis do Citigroup, o maior
banco americano em ativos,
caíram 42,9% no mesmo período. Ações da corretora Merrill
Lynch, por sua vez, perderam
43,2%. Somando o JP Morgan
Chase, as três instituições financeiras podem ter prejuízo
de mais de US$ 34 bilhões no
quarto trimestre, em decorrência da crise do crédito imobiliário de alto risco, o "subprime",
segundo o Goldman Sachs.
Papéis do JP Morgan Chase,
porém, recuaram 4,1% neste
ano, uma perda comparativamente pequena à de outros
grandes bancos norte-americanos. Ações do Bank of America
caíram 17%, do Wachovia,
28,6%, e do Wells Fargo, 9,1%.
Bancos brasileiros
Com a crise do "subprime",
ações de bancos no mundo todo
sentiram num primeiro momento seus reflexos. "Fundos
globais que investem em setor
financeiro passam uma faca na
horizontal", diz Jorge Simino,
da Fundação Cesp. "Um conhecido estrangeiro queria saber a
quantas ia o "subprime" no Brasil. Mal temos o "prime", quanto
mais o "subprime", e o derivativo do "subprime"...", afirma.
Dentre os 50 maiores bancos
por ativos dos EUA e da América Latina listados em Bolsa, seis
são brasileiros, segundo a Economática: Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Unibanco, Santander Brasil e Nossa Caixa. Destes, apenas os papéis da Nossa
Caixa não fecharam o ano no
azul, recuando 46,7%.
A maior rentabilidade acumulada dentre as ações dos 50
maiores bancos das Américas,
conforme a relação da Economática, foi do Santander Brasil,
com alta de 87,9% na Bovespa.
Puxada pela operação de colocação de ações, a cotação do
Banco do Brasil subiu 51,3%.
Apesar dos grandes lucros
das instituições bancárias, as
ações dos demais bancos não
fecharam o ano tão brilhantemente como em 2006, quando
bateram o Ibovespa.
No acumulado deste ano, o
Itaú subiu 24,2%, o Bradesco,
31,9%, e o Unibanco, 23,7%, enquanto o Ibovespa fechou com
alta de 43,65%. Em 2006, as altas foram de, respectivamente,
40,4%, 33% e 45,3%. O índice
teve elevação de 32,9%.
Como investidores já tinham
comprado muitas ações de segunda linha nos IPOs (oferta
pública inicial, na sigla em inglês), quando o mercado começou a se recuperar, o foco foi na
Vale do Rio Doce e na Petrobras, ações com grande peso no
Ibovespa.
"Ainda que a comparação
com o Ibovespa seja pertinente, é covardia comparar com
Vale e Petrobras, cujos resultados foram surpreendentes e
puxaram o índice, que fechou
com alta de 43,65%, contra
32,9% de 2006", afirma Aloisio
Lemos, da Ágora Corretora. Para ele, a expansão do crédito, de
ao menos 20% em 2008, deve
continuar a impulsionar o desempenho de bancos.
"O crescimento do setor neste ano foi menos expressivo do
que em outros", diz Simino.
Os resultados dos bancos foram beneficiados por ganhos
não recorrentes, eventos que
não vão mais se repetir, como a
abertura de capital da Redecard, da Bovespa e da BM&F e a
venda da Serasa. Simino espera
um primeiro semestre com a
Bolsa "andando de lado", sem
subir ou cair tanto.
"Houve temor de alta da inadimplência no crédito ao consumidor, o que levou os bancos
de volta ao risco, depois de décadas de tranqüilidade", afirma
o consultor Luiz Antonio Vaz
das Neves.
Texto Anterior: Investidor aguarda dado de inflação no Brasil Próximo Texto: País não aceita "migalhas" em acordo no FMI, diz Nogueira Batista Índice
|