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São Paulo, domingo, 02 de fevereiro de 2003

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Busca por diferencial leva profissionais de volta à escola para cursar pós-graduação, mas é preciso critério na escolha

Curso certo ajuda a abrir espaço no MERCADO

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Que o mercado está cada vez mais exigente todo mundo sabe. É por isso que fazer só a graduação, hoje em dia, já não basta. Atentos a isso, os profissionais cavam formas de se diferenciar e procuram incrementar o seu currículo.
De acordo com os dados da Capes, em cinco anos o número de mestres e doutores dobrou. Em 1996, 12.551 estudantes terminaram o curso, já em 2001 foram tituladas 25.672 pessoas no país.
Outro exemplo: dos 550 mil profissionais cadastrados no site da Curriculum, mais de 30 mil têm alguma pós-graduação.
Patricia Molino, 36, diretora da KPMG, diz que o interesse por aperfeiçoamento é bem-visto pelo mercado, mas na hora certa. "Após a graduação, o ideal é conciliar uma pós "lato sensu" com o trabalho. MBA, mestrado ou doutorado devem ser feitos depois que você já tem um plano de carreira e sentiu falta da teoria."
Além de ser bem-visto, quem tem algum tipo de pós-graduação ganha pelo menos 20% a mais do que o somente graduado, de acordo com uma pesquisa do Grupo Catho.
Outro ponto de consenso entre os especialistas é que não adianta colecionar diplomas. "Ficar juntando certificados, sem aplicar conteúdo, não é válido", diz o presidente da Manager, Ricardo de Almeida Prado Xavier, 57.
Segundo Robert Wong, 54, sócio-diretor da consultoria Korn Ferry, ter o foco na carreira é essencial. "Você tem de estudar aquilo que pode levar ao raciocínio e à aplicação no trabalho."

Hora certa
O desafio também é encontrar o momento ideal para se aperfeiçoar. E quem acerta na dose pode colher bons resultados, como o engenheiro Glauco Bartolo Berretta, 30, consultor do segmento de papel e celulose da SKF do Brasil, do setor de rolamentos.
Berretta era autônomo, pretendia ir para uma multinacional, mas precisava de um impulso. Já pós-graduado em administração, resolveu bancar seu MBA. Foi durante esse período que entrou para a SKF. "O MBA foi decisivo."
Já Ricardo Moraes Guidugli, 34, gerente-corporativo do Lloyds TSB, quando começou seu MBA, trabalhava em banco. Durante o período de aulas, recebeu algumas propostas de emprego e decidiu-se pela atual empresa. "Fiz o curso no momento certo."
"Mas é bom lembrar que o MBA não é garantia de emprego ou de promoção. O melhor momento para fazê-lo é entre os 28 e os 35 anos, quando você já tem experiência e tempo para aplicar o conteúdo", diz Luciana Sakorzi, sócia-diretora da Career Center.
Antes de decidir fazer uma pós, é preciso ter como conciliar estudo, trabalho e vida pessoal.
O engenheiro Fabiano Colicchio, 30, fez especialização em administração de empresas pela FGV-Eaesp enquanto trabalhava em uma consultoria. "Precisava trabalhar além do horário e faltava demais às aulas", afirma.
Frederico Borer, gerente financeiro da Rede Globo, fez o mestrado profissionalizante da FGV-Eaesp e, durante o período, acabou se separando da mulher. "Quem vai trabalhar e fazer um MBA tem de saber que vai ficar dois anos só fazendo aquilo. A vida pessoal sai prejudicada." (AM)


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