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São Paulo, domingo, 06 de abril de 2003

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Ameaça a juízes faz candidato repensar opção

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ela foi estagiária em um presídio e sonhava ser promotora de Justiça de uma vara de execuções criminais. Não quer mais. Agora, diz que será advogada de empresas, na área comercial.
O que mudou não foi o sonho, nem o ideal, diz Luciana Tudisco, 22, que se formou em dezembro. Foi o medo que ficou mais forte.
Os assassinatos de juízes que lidavam diretamente com o direito penal e com criminosos -Alexandre Martins de Castro Filho, da Vara de Execuções Penais de Vitória (ES), e o juiz-corregedor de Presidente Prudente (SP), Antonio José Machado Dias- tornaram-se tema constante em cursinhos preparatórios para concursos.
"Perdi o gosto pelo direito penal depois do que aconteceu. É uma inversão de valores, não compensa", afirma.
A advogada Tatiana Bescio Telles, 22, que estuda para concursos, conta que, depois de aprovada, se puder escolher, evitará a área criminal. "Sou apaixonada por direito penal, mas estou com um pouco de medo", revela.
Para Solange Gonçalves, 30, que quer ser juíza, os eventos dão mais força para insistir. "Eu sempre soube dos riscos, só não tinha a dimensão deles." O bacharel Gustavo Pinheiro, que foi aluno da mulher de Machado Dias, em Presidente Prudente, e quer ser juiz federal, concorda. "Dá medo, não há segurança, mas não desisto."
Em cursinhos, professores, alguns deles juízes, dedicaram aulas inteiras ao assunto. "Foi até bom, pois alguns dos outros candidatos desistiram. Mas quem tem um ideal de justiça não se desvia", afirma Sylvia Helena de Barros, 23, que tentará concurso para magistratura.
O penalista Damásio de Jesus, que tem um cursinho, diz que é muito pequeno o número de alunos que pensam de fato em desistir.



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