S?o Paulo, domingo, 09 de outubro de 2011

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Insatisfação de mulheres é maior

Executivas dizem ter dificuldade de conciliar tarefas domésticas e longos períodos no trabalho

DE SÃO PAULO

Passa da meia-noite e Cynthia May Hobbs, 47, segue na análise de planilhas. O progresso na carreira da executiva deu-se na mesma proporção que as horas trabalhadas.
O maior salto na extensão da jornada foi quando deixou de ser gerente e virou diretora. Hoje, presidente da empresa de bebidas Sagatiba, estima dedicar à profissão mais de dez horas diárias.
Conjugar as exigências da companhia com as da maternidade é desafio. "Não desmerecendo o pai, mas o nível de responsabilidade da mãe é de outra magnitude."
Quando não consegue acompanhar os estudos do filho de 12 anos, Hobbs fica com "uma certa angústia". "É a cobrança que a mulher tem de estar presente", justifica.
Elas incomodam-se mais do que os homens quando a tarefa é combinar longas jornadas com vida familiar, de acordo com especialistas consultados pela Folha.
Executivas sentem-se pressionadas a demonstrar que são qualificadas e tendem a sobrecarregar-se mais do que homens com tarefas, diz Ana Maria Rossi, da Isma (International Stress Management Association), associação de controle do estresse.
"Muitas mulheres acreditam que precisam trabalhar o dobro para terem o mesmo reconhecimento", avalia. Elas consideram as tarefas mais urgentes do que eles, indica Christian Barbosa, presidente da consultoria em produtividade Triad.

DIVISÃO
Para a professora Betania Tanure, da PUC-MG, por mais que as executivas tenham babás, julgam-se responsáveis pelas tarefas domésticas.
"Se uma mãe não vai à reunião da escola, sente-se culpada. Homens, quando vão, acham que estão fazendo o máximo", compara Tanure.
Avaliar que está em falta com os filhos e temer não dar conta das tarefas profissionais fazem parte da vida da economista Martha Barth dos Santos, 48. "Sou muito detalhista. Busco uma perfeição que não atinjo nunca."
A consultora de gestão Marisa Barbara, 46, também se divide entre maternidade e carreira e conta que, além de trabalhar longas horas, estuda com o filho. Passar a tarefa para o pai não é opção: "[Ele] não tem paciência".



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