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São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2003

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Nichos se voltam a público certo


Peças para estudantes, espetáculos de caráter religioso e apresentações em empresas conquistam público fiel em São Paulo


FREE-LANCE PARA A FOLHA

Achar um público, não só no que diz respeito ao número de cadeiras ocupadas, é um dos dilemas do teatro. A quem se dirigir? Pois há uma vertente de espetáculos que sabe responder à indagação de maneira clara e objetiva.
Teatro para estudantes secundaristas, teatro-empresa, montagens religiosas. Eis alguns possíveis segmentos de atuação, ainda que nenhum deles tenha a irrestrita chancela da academia e do meio artístico.
O grupo RIA vem há dez anos fazendo teatro para uma platéia cuja composição abarca 80% de alunos do ensino médio, sequiosos por entrar em contato com as adaptações para o palco dos livros exigidos pelos vestibulares. Segundo o diretor da companhia, José Paulo Rosa, 48, 600 mil pessoas assistiram às peças da trupe em uma década de atividade.
"No segundo ano do grupo, descobri esse filão", afirma o encenador, um gaúcho que nas suas tentativas de fazer teatro diz haver perdido "carro, mulher, apartamento, telefone". Hoje, há 35 pessoas envolvidas no projeto, trabalhando num sistema de cooperativa, recebendo diferentes porcentagens da bilheteria.
A experiência de fazer teatro-empresa, modalidade destinada a funcionários de corporações, deu tarimba à atriz e diretora Miriam Rinaldi, 38, hoje integrante do prestigiado Teatro da Vertigem.
"Trabalhei com Calixto Inhamuns, Zécarlos Machado, Aiman Hammoud, Romis Ferreira... Aprendi muito com eles; fazíamos sessões às 7h para trabalhadores que nunca tinham visto teatro na vida", declara.
E, quando o assunto é a junção entre teatro e religião, o dogma precisa ser por vezes deixado de lado. O ator evangélico Célio Nascimento, 35, já participou de peças católicas, espíritas e com temática que evocava o candomblé. "Fiz Exu, Ogum, Xangô. Tenho de levar uma mensagem, de me colocar no lugar. Quando estou em cena, creio." E afirma não ver nisso nenhum conflito de fé.

Nas telas
Protagonizar comerciais pode ser uma boa opção para quem pretende ganhar algum dinheiro com o instável ofício de ator.
Alan Medina do Vale, 22, é um dos que lançam mão do expediente. Enquanto cursa a Escola de Arte Dramática (EAD), ele trabalha como um dos garotos-propaganda da batata Ruffles há três anos. "É divertido, pois já tenho um personagem fixo", afirma o artista que, sem revelar valores ou detalhes do contrato, diz ser possível "viver bem" com os ganhos.
A propaganda do salgadinho foi a primeira e única que Vale realizou. Antes, ensaiou tentativas que não se concretizaram. "Fiz muitos testes até pegar o jeito. As linguagens do teatro e do vídeo são muito diferentes", analisa o ator. (PID)


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