UOL


São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A EMPRESA E EU

Fidelidade dá vez ao vôo próprio

Executivo admira a companhia onde atua, mas já vê carreira desvinculada do cargo; maior desafio é planejar os passos futuros

A fidelidade do profissional à empresa -ou vice-versa- está em extinção, dizem os analistas. "Se antes a meta era quase que somente crescer na companhia, hoje o profissional quer crescer no mercado. E as portas das empresas estão abertas a quem traz resultados", afirma o americano radicado no Rio Paul Dinsmore, um dos maiores especialistas em gestão de projetos corporativos do país, com 11 livros publicados sobre o assunto.
Rodrigo Forte, gerente da consultoria inglesa de recrutamento especializado Michael Page, concorda. "Hoje os profissionais são contratados por projeto, não existe mais aquela fidelidade de antigamente, aquele "casamento"."
Questionada sobre o assunto, quase metade dos entrevistados pelo Datafolha disse acreditar que permanecerá, no máximo, cinco anos em suas empresas.
Por isso planejar a própria carreira vem ganhando cada vez mais importância. "O primeiro passo de um projeto de carreira é fixar uma missão de vida. Depois, há que se definir uma visão de futuro: quais são seus objetivos para os próximos seis meses, dois anos, sete anos", diz Dinsmore.
Na prática, porém, a tarefa não é tão simples. "Os profissionais de posições seniores perguntam-se: "para onde vou crescer?'", conta Rodrigo Forte. Segundo ele, é difícil ter um plano de carreira no Brasil, "onde as variáveis são inúmeras, mas falta objetivo da parte dos profissionais também".

Visão da empresa
Os resultados do Datafolha mostram que, apesar de ter noção de que não pode manter a carreira vinculada só à empresa onde atua, o executivo a vê com bons olhos. A credibilidade da companhia no mercado recebeu a nota mais alta (9,2) entre os aspectos analisados. Se pudessem escolher, 63% não trocariam o seu emprego atual.
Mas também há críticas. A consultoria Roland Berger listou as reclamações mais frequentes dos executivos com relação às empresas. A campeã foi a falta de comunicação, quesito que teve nota média 7,6 no Datafolha (a quarta entre seis aspectos avaliados).
A comunicação é a prática mais valorizada nas cem melhores empresas do ranking do Instituto Great Place to Work no Brasil. O órgão, fundado por Robert Levering nos Estados Unidos, estuda o ambiente e os aspectos culturais das companhias. Do total de pesquisados pelo Datafolha, 43% criticam a estrutura das empresas.
A nota média mais baixa foi para o incentivo aberto aos jovens talentos internos -6,2.
Marco Aurélio Cardoso, gerente de risco da Alcan, é uma exceção. Aos 31 anos, ele afirma ver grandes perspectivas de crescimento na empresa. "Não posso dizer que não tenha oportunidades aqui. Tenho muita autonomia para fazer reestruturações no meu setor", conta. Para os entrevistados pelo Datafolha, porém, a falta de autonomia foi a terceira reclamação mais citada (14%) em relação à estrutura das empresas. (RGV)


Texto Anterior: Histórico profissional: Plano de carreira dá segurança
Próximo Texto: Entrevista: Moral alto favorece rentabilidade
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.