São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

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SUA CARREIRA

Ônibus fretado é caminho para "networking"

Jefferson Coppola/Folha Imagem
Para passageiros, o fretado é lugar de fazer amigos e até mesmo de "cavar" vagas de emprego


VALÉRIA LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Se para você só é possível fazer "networking" trocando cartões de visita em ambientes profissionais, em encontros formais ou em redes virtuais como o Orkut, é melhor rever seus conceitos.
Quem usa o transporte fretado para ir e voltar do trabalho é prova de que, mesmo dentro de um ônibus, é possível conhecer gente interessante, conquistar amigos e até conseguir oportunidades para entrevistas de emprego.
"Sempre trago currículos e indico conhecidos do ônibus para as vagas abertas na empresa", conta Gladys Bonfim, 27, que trabalha numa consultoria de RH e é passageira de fretado há dois anos.
Invariavelmente, os profissionais que optaram por trocar o transporte público ou o carro pelo fretamento destacam a facilidade de acrescentar nomes à agenda por meio dos relacionamentos construídos durante as viagens.
"É um ambiente de amigos. Fazemos festas e nos reunimos nos fins de semana", diz Ednilson Nunes, 32, que trabalha num cartório e coordena uma linha que vai da zona sul à região da Paulista.
Segundo ele diz, é comum a troca de serviços entre os passageiros. "Já me pediram autenticação de documento na ida e eu entreguei o serviço pronto na volta."
Além de prestar serviços aos colegas, Nunes também ajudou uma amiga do fretado a conseguir trabalho. "Ela deixou de usar o ônibus porque tinha sido demitida. Levei o currículo dela para uma agência de empregos e minha indicação a ajudou a conseguir um novo trabalho."
De acordo com o Transfretur, sindicato de empresas de fretamento e turismo, cerca de 560 mil pessoas são transportadas por dia nesse tipo de condução na região metropolitana de São Paulo.
"É uma alternativa que precisa ser levada em conta porque pode diminuir o número de carros nas ruas e, conseqüentemente, o trânsito na cidade", opina o diretor-executivo do sindicato, Jorge Miguel dos Santos.
Usar transporte fretado também significa economia. Um mês com gastos de gasolina e estacionamento do Grajaú (zona sul) até as imediações da avenida Paulista, por exemplo, sai por cerca de R$ 350; os passageiros do fretado pagam, cada um, R$ 130.
A adaptação a esse ambiente é tão expressiva que alguns fazem o caminho inverso da comodidade ressaltada pela maioria. "Já recusei trabalho porque a empresa estava em um local onde não existiam linhas fretadas. Não me vejo utilizando transporte público novamente", diz Valéria Mendes Sgarioni, 32, contadora.


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