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São Paulo, domingo, 20 de julho de 2003

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EMPREGO PELOS ARES

Fora do setor aéreo, profissional usa aparência e domínio de idiomas para atuar em hotéis e lojas

Comissária "desembarca" em joalheria

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Sem emprego nas companhias aéreas, comissários de bordo com e sem experiência profissional têm buscado colocações alternativas em hotéis, joalherias e navios.
A categoria é a que enfrenta a pior situação no setor, em razão da grande oferta de mão-de-obra. Segundo o SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), há cerca de 30 mil profissionais certificados pelo DAC sem vaga na aviação. Em 2002, 17 escolas de comissários foram abertas -107 instituições oferecem o curso no país.
A reconfiguração das tripulações, reduzidas ao mínimo exigido -um comissário por porta do avião-, colaborou para o encolhimento dos postos de trabalho nas companhias tradicionais sem que as novas empresas pudessem absorver todos os demitidos.
A Gol, que começou a operar em janeiro de 2001, diz que admitiu 135 comissários em suas três últimas seleções -21% novatos, 36% da Rio Sul (grupo Varig), 16% da Vasp, 11% da Varig, 7% da Transbrasil (que encerrou operações em dezembro de 2001), 6% da TAM e 3% das demais. Do total de comissários em exercício, 58% vêm de outras empresas.
Mas o problema não se restringe à redução de postos. "Na Vasp, por exemplo, os comissários antigos foram substituídos por outros com salários menores", diz a presidente do SNA, Graziella Baggio.
Segundo ela, o comissário mais antigo da Vasp está lá há cinco anos. A empresa teria o menor salário inicial entre as grandes -cerca de R$ 500 fixos mais valor por quilometragem. Procurada, a Vasp não quis se manifestar.

Noite na pousada
Demitida da empresa em fevereiro, Sara Spier, 35, comissária desde 1991, levou somente 13 dias para conseguir outro emprego. Em que companhia? Na joalheria Vivara, como vendedora.
Só nessa rede, desde 2001, foram contratadas 20 ex-comissárias. Segundo a empresa, elas levam vantagem, pois sabem inglês, têm boa aparência e atendem bem.
Mordomo de um hotel nos Jardins desde outubro de 2002, Alexandre Aveiro, 33, revela que ganha um terço do que recebia como comissário, mas com a vantagem de ter agora um plano de saúde. "O glamour acabou na aviação. Antes ficava em bons hotéis, tinha um uniforme legal, com tecido decente. No final, estava dormindo até em pousada."
Entre os que se formaram e estão sem vaga, está Maurício Gomide de Castro, 18, ex-trainee da TAM. "Estou distribuindo currículos em hotéis." Já Mônica Garcia de Moraes, 22, conta que fez o curso de comissária em 1999 e foi estudar fora para ter fluência no inglês. "Voltei e encontrei um mercado desanimador. Fui ser garçonete em navio." Agora, faz curso técnico de hotelaria. (BL)


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