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TV TRABALHO
Forma como os participantes são "demitidos" e espetacularização da seleção são as críticas
Especialistas questionam efeitos do programa
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Clima de mistério no escritório:
quem será o próximo demitido?
O que não tem a mínima graça na
vida real vira mania na televisão.
Com média de dez pontos de
audiência no Ibope (cada ponto
equivale a 49,5 mil domicílios na
Grande São Paulo), "O Aprendiz"
(Record), comandado pelo publicitário Roberto Justus, chega à
metade de seu processo seletivo.
Depois de amanhã, o público
conhecerá o oitavo demitido dos
16 candidatos. Um emprego com
registro em carteira, um ano de
estabilidade e salário mensal de
pouco mais de R$ 20 mil será o
prêmio para o vencedor.
A Folha acompanhou com exclusividade a gravação de uma
das provas por que passam os
participantes, que, proibidos de
dar entrevistas, conversaram informalmente com a reportagem.
Os relatos são de animação e
aprendizado, apesar do risco de
demissão em rede nacional.
De acordo com a rede Record,
os candidatos eliminados assinaram um contrato que os proíbe de
conceder entrevistas.
"Temos informação, entretenimento e final com drama. A fórmula agrada", afirma Justus.
Especialistas em RH e em sociologia que analisaram o programa
a pedido da Folha concordam
que o show ensina conceitos, mas
questionam a qualidade das informações e os efeitos desse
aprendizado. O professor de sociologia da USP (Universidade de
São Paulo) Ricardo Musse diz que
o programa faz o telespectador
sublimar o processo de concorrência real. "Ele faz uma catarse
e se identifica com a autoridade
do patrão. É uma forma de justificar as arbitrariedades."
"Não se pode imaginar que seja
uma reprodução fiel da realidade.
Muitas vezes as pessoas são demitidas sem errar, por uma simples
reestruturação", diz Luciana Sarkozy, sócia da Career Center.
Já para Cristiane Gonçalves, da
KPMG, com relação aos demais
"reality shows", o programa tem
vantagens. "Não é só observar a
vida dos outros, há uma atividade
e um resultado final."
(BL)
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