São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003
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spa

Nova seção do Equilíbrio vai trazer um spa a cada dois meses

Lapinha trata o corpo, a mente e a alma

Brasílio Wille/Divulgação
Descanso após caminhada seguida de hidroterapia no tanque de Kneipp


BELL KRANZ - EDITORA DO EQUILÍBRIO

"A Lapinha não é um spa, né?" "É um spa, sim". "Eu também acho que não é." "É um spa, mas diferente..." Esse trecho da conversa travada entre quatro hóspedes recém-chegados à Fazenda Margarida, onde fica instalada a Lapinha, no Paraná, mostra o caráter particular do lugar.
Se você pensa em spa como um espaço estruturado para ajudá-lo a emagrecer e relxar, então a Lapinha corresponde ao título. Mas, se você imaginar que esse tipo de estabelecimento não é capaz de induzir o recolhimento, inspirar a reflexão sobre valores e questões do espírito, por exemplo, então a Lapinha passa a ser mais do que um spa. A clínica vai além da proposta padrão de emagrecer e relaxar, promovendo bem-estar de uma forma especial.
A própria história da Lapinha é um diferencial. Sua fundadora, uma descendente de alemães perseverante e muito à frente do seu tempo, tinha 81 anos anos quando realizou seu grande sonho: trazer da Suíça a terapia naturista que a ajudou a se livrar de um antigo mal gástrico e que tal "empreendimento glorificasse Deus e que fosse não um meio de enriquecimento, mas de serviço ao ser humano em sua busca por cura", segundo registra o livro "Lapinha - a Natureza da Lapa", sobre o contexto histórico, geográfico e cultural em que surgiu a Lapinha, há 30 anos.
Hoje, é dirigida por Dieter Brepohl, 53, neto da dona Margarida, como é chamada a fundadora, morta em 75. Ao conceito médico da clínica suíça Bircher-Benner, que tratou de dona Margarida, outras linhas foram integradas, com a introdução de tratamentos de clínicas de ponta na Europa. Estresse, obesidade, prevenção geriátrica e reabilitação cardíaca são o foco dos tratamentos da Lapinha. E a base de tudo está no processo de desintoxicação do organismo, realizado por meio dos cinco pilares da medicina naturista. São eles: nutrição (alimentação orgânica e dieta ovolactovegetariana), ordenoterapia (adoção de horários fixos para alimentação e repouso; lá o café da manhã é às 8h, o almoço, às 12h, o jantar, às 18h, e, às 21h30, hora de ir para a cama), hidroterapia (uso da água como agente terapêutico), fitoterapia (uso da flora medicinal) e fisioterapia (que inclui movimentos passivos e ativos).
A ênfase à desintoxicação é vital devido à incapacidade de o corpo se auto-regular naturalmente no dia-a-dia, quando é sobrecarregado por alimentação exagerada e outros hábitos ruins, diz o cardiologista e geriatra Carlos Alberto Almeida de Moraes, um dos médicos da Lapinha.
O metabolismo é composto por dois processos: o anabolismo, que é o mecanismo de reorganização celular e de preparação para que ocorra o catabolismo, fase em que acontece a queima de energia. "Aqui, enfatizamos o anabolismo por meio do descanso, dos ritmos obedecidos, permitindo que o corpo exerça o anabolismo da forma que ele precisa." Limpar o intestino e comer pouco para promover um descanso digestivo fazem parte da estratégia.
E a essa mudança o corpo reage. "Às vezes, a pessoa chega e dorme quatro dias de uma forma "estúpida". É que no dia-a-dia ela supre o cansaço com muita adrenalina. E aqui cessam-se todos os estímulos, as adições que dão adrenalina, como café e álcool", diz Moraes.
Todas as atividades são orientadas e acompanhadas pela equipe médica. Aliás, na entrada, a pessoa já passa por uma consulta, faz exames de sangue e, a partir dali, todo o tratamento é individualizado, da prescrição da massagem ao cardápio.
"Cada prato é um prato, cada pessoa é uma pessoa", diz Yara Nogueira do Vale. Ela é a "Haus Mutter" (mãe da casa, em alemão), que faz o papel de anfitriã, função comum em clínicas na Europa, e a melhor pessoa para apresentar a Lapinha. Ela passeia pelos gramados da clínica, apontando as dependências, como o quiosque, montado entre árvores frondosas, que dá vista para os campos e as colinas e onde o hóspede recebe as massagens. Mais à frente, há uma casinha onde funciona a oficina de arte. "Às vezes, a pessoa demora para se aquietar internamente. A massagem não basta para relaxar, então é preciso fazer arte", explica a "Mutter".
A professora aposentada Ruth Musa, 77, vai para a Lapinha porque lá se recuperou da perda do marido, com quem foi casada por 49 anos. "Sou apaixonada pelo verde, e tudo isso aqui me ajudou muito. Ia sozinha para o bosque e sentia a presença dele me confortando, mostrando que eu tinha de continuar a vida."
Mas a maioria dos hóspedes está lá para emagrecer -na primeira semana, perdem-se de 3 kg a 5 kg. Fome, há quem passe, claro, e quem cometa pequenos furtos da mesa vizinha, como em todo bom spa. Aparecida da Silva Augusta, 56, em uma semana de Lapinha e "roubando bem na janta", brinca, perdeu 3 kg, sua pressão caiu de 17 por 9 para 12 por 8, e a taxa alta de colesterol também despencou. Leia, ao lado, mais detalhes sobre os serviços oferecidos pela clínica.


A jornalista BELL KRANZ viajou a convite da Lapinha Clínica Naturista


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