São Paulo, quinta-feira, 04 de janeiro de 2007
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Creche na academia

Espaços no Rio criam programas para receber filhos dos alunos durante as aulas; pediatra diz que atividades devem ser lúdicas

CRISTINA TARDÁGUILA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Quem sempre alegou falta de tempo para malhar, apontando para os filhos, vai precisar encontrar outra desculpa. No Rio, muitas academias abriram, nos últimos meses, espaços construídos para manter as crianças ocupadas enquanto os pais se exercitam.
Os programas infantis, que costumam atender crianças de um a dez anos, oferecem, claro, iniciação em esportes como natação, ginástica olímpica, tênis, futebol e lutas, mas também prevêem atividades como pintura e desenho. Em algumas academias, o serviço inclui alimentação, banho e ajuda com os deveres de casa.
Inaugurado no fim de outubro, o Rio Sport Kids, programa coordenado por Eunice Marzzitelli na Rio Sport Center da Barra da Tijuca, reúne 25 crianças. Divididas por idade e desenvolvimento motor, elas dispõem de dois turnos (8h30 às 11h30 e 15h às 18h).
Quatro vezes por semana, a psicóloga Tanise Widermann deixa Caroline, 4, e Stephanie, 1, na Estação Kids, da A! Body Tech da Barra da Tijuca, enquanto faz seus exercícios. "É melhor do que deixá-las em casa, na frente da TV. Gosto de vê-las pintando, escorregando e brincando soltas", diz.
A professora de educação física e psicomotricista que coordena o programa da Estação do Corpo na Lagoa, Juçara Potyguara, explica que a academia oferece "um programa de desenvolvimento infantil". "Queremos mostrar aos pequenos que o corpo é um dos principais instrumentos de prazer e que praticar esporte é bom."
A psicóloga Andreia Salomão, especializada em atendimento infantil, faz alertas quanto ao resultado prometido por esses espaços.
"Diferentemente das creches, que prezam muito o binômio cuidar-educar, eles não têm, por trás, uma proposta educacional. Os pais que optarem por esse tipo de cuidado têm que saber que, lá, as crianças só serão cuidadas e vigiadas, não educadas", afirma.
Andreia se preocupa também com a possibilidade de a estadia das crianças em academias incutir nelas a idéia da ditadura do corpo cedo demais. "Ninguém sabe responder essa pergunta ainda."
Ela também chama a atenção para o fato de que, em creches, sempre há profissionais qualificados para atender crianças. "Uma professora de creche precisa, agora, ser formada em pedagogia e ter feito uma complementação em educação infantil. Certamente está mais bem preparada para receber uma criança enquanto os pais trabalham ou cuidam de seus corpos nas academias."
Para Ricardo Barros, da Sociedade Brasileira de Pediatria, o serviço oferecido é interessante por afastar as crianças da frente da televisão e do computador, "os grandes vilões da obesidade". O importante, ressalta, é que as atividades sejam lúdicas e recreativas para favorecer a sociabilização e o conhecimento das diversas modalidades de esportes.


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