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Creche na academia
Espaços no Rio criam programas para receber filhos dos alunos durante as aulas; pediatra diz que atividades devem ser lúdicas
CRISTINA TARDÁGUILA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Quem sempre alegou
falta de tempo para
malhar, apontando
para os filhos, vai
precisar encontrar outra desculpa. No Rio, muitas academias abriram, nos últimos meses, espaços construídos para
manter as crianças ocupadas
enquanto os pais se exercitam.
Os programas infantis, que
costumam atender crianças de
um a dez anos, oferecem, claro,
iniciação em esportes como natação, ginástica olímpica, tênis,
futebol e lutas, mas também
prevêem atividades como pintura e desenho. Em algumas
academias, o serviço inclui alimentação, banho e ajuda com
os deveres de casa.
Inaugurado no fim de outubro, o Rio Sport Kids, programa
coordenado por Eunice Marzzitelli na Rio Sport Center da
Barra da Tijuca, reúne 25 crianças. Divididas por idade e desenvolvimento motor, elas dispõem de dois turnos (8h30 às
11h30 e 15h às 18h).
Quatro vezes por semana, a
psicóloga Tanise Widermann
deixa Caroline, 4, e Stephanie,
1, na Estação Kids, da A! Body
Tech da Barra da Tijuca, enquanto faz seus exercícios. "É
melhor do que deixá-las em casa, na frente da TV. Gosto de vê-las pintando, escorregando e
brincando soltas", diz.
A professora de educação física e psicomotricista que coordena o programa da Estação do
Corpo na Lagoa, Juçara Potyguara, explica que a academia
oferece "um programa de desenvolvimento infantil". "Queremos mostrar aos pequenos
que o corpo é um dos principais
instrumentos de prazer e que
praticar esporte é bom."
A psicóloga Andreia Salomão, especializada em atendimento infantil, faz alertas
quanto ao resultado prometido
por esses espaços.
"Diferentemente das creches, que prezam muito o binômio cuidar-educar, eles não
têm, por trás, uma proposta
educacional. Os pais que optarem por esse tipo de cuidado
têm que saber que, lá, as crianças só serão cuidadas e vigiadas,
não educadas", afirma.
Andreia se preocupa também com a possibilidade de a
estadia das crianças em academias incutir nelas a idéia da ditadura do corpo cedo demais.
"Ninguém sabe responder essa
pergunta ainda."
Ela também chama a atenção
para o fato de que, em creches,
sempre há profissionais qualificados para atender crianças.
"Uma professora de creche
precisa, agora, ser formada em
pedagogia e ter feito uma complementação em educação infantil. Certamente está mais
bem preparada para receber
uma criança enquanto os pais
trabalham ou cuidam de seus
corpos nas academias."
Para Ricardo Barros, da Sociedade Brasileira de Pediatria,
o serviço oferecido é interessante por afastar as crianças da
frente da televisão e do computador, "os grandes vilões da
obesidade". O importante, ressalta, é que as atividades sejam
lúdicas e recreativas para favorecer a sociabilização e o conhecimento das diversas modalidades de esportes.
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