São Paulo, quinta-feira, 04 de janeiro de 2007
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+Corrida - Rodolfo Lucena

Pernas em brasa

O verão derruba os tempos de qualquer corredor. Ou você acorda ainda mais cedo para treinar, ou corre o risco de ser abatido pelo calor.
Mesmo atletas de elite vêem seu desempenho cair quando o termômetro sobe. Sua performance é ótima em temperaturas de 5C a 10C. Mas cai 0,4% a cada três graus de alta, em média. A 25C, o desempenho piora em 5%. É por isso que os recordes são batidos em provas planas, em clima frio.
A influência do clima é maior na massa dos corredores: quem terminaria uma maratona em três horas sob um frio de 5C ficaria 12% mais lento sob 25C, fechando em 3h21 (um ótimo tempo para a maioria de nós, de qualquer forma).
Esses números são resultado de um estudo monstro feito por uma equipe de pesquisadores do Instituto de Medicina Ambiental do Exército dos EUA. Eles analisaram os resultados de 28 anos da maratona de Nova York, de 35 anos da de Boston e de 23 anos de outras provas menores.
São corridas cujo trajeto mudou quase nada ao longo do período e que sempre tiveram uma grande participação de corredores -em geral, mais de 10 mil. Para as comparações, eles verificaram as médias dos tempos dos três primeiros homens e mulheres e dos corredores que chegaram nos 25º, 50º, 100º e 300º lugares.
Claro que tais dados não podem ser universalizados. Pegue qualquer corredor nordestino de elite e ele vai sofrer o diabo no frio -aliás, algumas das mais rápidas corredoras brasileiras, que são oriundas do Nordeste, preferem competir em temperaturas elevadas.
De qualquer forma, já temos uma desculpa científica para explicar eventuais quedas de tempo em competições de rua durante o verão.


RODOLFO LUCENA , 49, é editor de Informática da Folha , ultramaratonista e autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (ed. Record)

rodolfolucena.folha@uol.com.br

DE VOLTA
Ronaldo da Costa, o brasileiro que quebrou o recorde mundial da maratona em 1998, quer voltar. Ele terminou a prova em Berlim dando uma estrela e depois se apagou na galáxia esportiva. Agora treina mineiramente na surdina para tentar índice para o Pan. Leia a entrevista exclusiva no meu blog.

A FORÇA DA ÁGUA
Um dos pesquisadores que participaram do estudo citado acima, Scott J. Montain, também investigou os efeitos da falta de hidratação na performance. Dez voluntários em boa forma foram testados até a exaustão. A hipohidratação não afetou a força muscular, mas a resistência dos avaliados caiu 15%. Ou seja, beber água é fundamental em exercícios de longa duração. Há polêmica sobre as quantidades indicadas, porque o excesso de água também pode ser prejudicial. Em provas, tomo alguns goles em cada posto de água.


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