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firme e forte
Concentração aumenta eficácia do exercício
KATIA DEUTNER - FREE-LANCE PARA A FOLHA
O uvir música durante a malhação ou aproveitar o tempo gasto em esteiras e aparelhos de
musculação para assistir ao noticiário da TV são
cenas comuns em academias. Mas, se a intenção é
obter os melhores resultados dos exercícios, esses
hábitos devem ser abandonados. Focar-se nos exercícios e nas posturas corretas faz parte do treinamento.
Para que o corpo reaja a novas condições cardiorrespiratórias e musculares, um bom programa de
treinamento físico requer o conhecimento dos limites da pessoa. Segundo o especialista em medicina esportiva e fisiologia do movimento Paulo Zogaib, do hospital Sírio Libanês (SP), é a quebra do
equilíbrio corporal que estimula o organismo a ganhar massa muscular e a queimar calorias, por
exemplo. É aí que entra a importância da concentração. "Focar significa recrutar as unidades motoras mais adequadas para o exercício ter precisão e
eficácia", diz o especialista em medicina esportiva
Turíbio Leite de Barros Neto, da Unifesp.
Quanto maior o foco na atividade e na parte do
corpo que está sendo trabalhada, maior o benefício. E vice-versa: quanto menor a concentração,
menor a reposta corporal. Isso é válido principalmente para musculação, alongamento, exercícios
de coordenação motora e qualquer atividade que
envolva movimentos não automatizados.
"A hora do exercício é um momento que a pessoa
reserva para se cuidar. Os problemas devem ficar
fora da aula. Malhar estressado, sem prestar atenção, só traz prejuízos", diz a coordenadora de ginástica Cris Tosta, da academia Reebok (SP).
E os prejuízos vão da ineficácia, o "fazer por fazer", até as lesões musculares. "O praticante deve se
concentrar para realizar o movimento com o gesto
motor adequado, senão pode até se machucar",
alerta Barros Neto.
Mas o nível de concentração exigido depende da
atividade. Andar em uma esteira, com velocidade e
carga constantes, por exemplo, não exige muito rigor na atenção. É possível até ler ao mesmo tempo,
porque a repetição do exercício já condicionou o
cérebro. É o que acontece com uma criança ao
aprender a andar. A dificuldade inicial é colocar
um pé na frente do outro, mantendo o equilíbrio
para não cair. À medida que vai repetindo esse movimento, a criança não precisa mais se concentrar e
passa a caminhar de forma automatizada.
Esse raciocínio vale para outras atividades físicas.
Ao aprender uma nova postura ou um exercício, é
necessário se concentrar, estando com a atenção
totalmente voltada para o corpo, colocando o braço na posição correta, a perna no ponto certo. Com
a repetição do movimento, o cérebro fica condicionado, o que permite a automatização dos impulsos
musculares.
Isso não significa, porém, que é desnecessário
prestar atenção ao exercício depois de aprender a
fazê-lo corretamente. "Sentar na bicicleta desconcentrado e de qualquer jeito, por exemplo, pode
prejudicar a articulação e a coluna. É muito importante manter a postura ereta; se quiser ler uma revista, a pessoa deve colocá-la em um painel para
não ficar curvada", explica Tosta.
Mas o que atrapalha mesmo é o exagero. Escutar
música ambiente durante uma aula de ginástica,
por exemplo, não prejudica a atenção e pode aumentar o pique. De acordo com Zogaib, dependendo do volume e da qualidade, "o som até estimula a concentração, permitindo que a pessoa faça esforço sem sentir cansaço".
Já os shows que certas academias promovem são
prejudiciais para algumas pessoas. Ficar exposto a
uma seleção de videoclipes ou a músicas em volume muito alto, por exemplo, pode fazer o praticante se desconcentrar.
Outro problema é misturar performance de DJs,
ruídos comuns de uma aula de ginástica (pés batendo no chão para marcar o ritmo, por exemplo)
e conversa entre alunos. "A poluição sonora incomoda, e o momento do exercício tem de trazer
uma sensação de bem-estar, de prazer", afirma
Barros Neto.
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