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"Eletricidade" do jambu encantou o chef Ferran Adrià
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nativo do Pará, o jambu permanece quase
desconhecido no
restante do país,
mesmo depois de o seu nome
ter corrido o mundo na boca do
chef mais prestigiado da atualidade, Ferran Adrià. Apresentado à erva pelos colegas brasileiros Paulo Martins e Alex Atala
em um evento gastronômico
realizado em 2005, o catalão ficou encantado com seu poder
"eletrizante", capaz de fazer
língua e lábios formigarem.
Segundo a pesquisadora
Marli Poltronieri, da Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Amazônia
Oriental, o cultivo do jambu
ocorre essencialmente em seu
Estado de origem -onde é ingrediente indispensável do pato no tucupi e do tacacá e incrementa também receitas triviais
como arroz, feijão, saladas, pratos à base de peixe e de carne e
até pizzas-, mas está se expandindo para Minas Gerais e São
Paulo desde que caiu nas graças
da indústria cosmética.
O "spilanthol", mesmo componente responsável pela sensação de formigamento na boca, vem sendo usado pela Natura na fabricação do creme
Chronos, que promete combater rugas de expressão, promovendo firmeza e elasticidade à
pele. "Isso é possível por meio
de um processo de purificação,
que resulta na concentração do
ativo contido na planta em uma
escala mil vezes mais potente
em relação à sua forma natural,
utilizada tradicionalmente como anestésico e cicatrizante",
explica o site da marca.
No Japão e na América do
Norte, a hortaliça é usada na fabricação de outros produtos,
como pastas de dentes.
De acordo com Marli Poltronieri, a medicina popular atribui ao jambu o poder de combater aftas, dor de dente e garganta inflamada, além de auxiliar no funcionamento do intestino devido às fibras. "Posso
dizer que, para aftas, dá resultado, porque eu já comprovei",
afirma a pesquisadora.
Segundo dados do IBGE, cada 100 gramas de folhas de jambu possui 32 calorias, 20 mg de
vitamina C, 162 mg de cálcio e 4
mg de ferro, valores superiores
aos encontrados em uma quantia idêntica de alface.
Mesmo com tantos predicados, a hortaliça não aparece em
estatísticas de produção e comercialização no Pará. "Chamo
de "produto invisível", pois, oficialmente, não existe. Não há
estatísticas para a grande maioria de plantas amazônicas e o
jambu faz parte deste elenco",
lamenta o engenheiro agrônomo Alfredo Homma, também
da Embrapa.
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