São Paulo, quinta-feira, 07 de junho de 2001
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coluna social

Speto grafita com quixotes

Esta coluna levou o grafiteiro Speto, que sabe tudo de arte urbana e foi um dos primeiros a colocar spray nos muros de São Paulo, para colorir a praça 14 Bis, no centro da cidade, junto com os artistas da agência de grafite Quixote Spray Arte.

   

A agência transforma em profissão o que a maioria encara como hobby. Ela surgiu há quatro meses no projeto social Quixote, que já resgatou 1.500 jovens, a maioria deles meninos de rua envolvidos com drogas e ex-internos da Febem.

   

Os manos e as minas começam como alunos e depois vão trabalhar na agência, cujo lema é Entre o Spray e uma Arma, É Só uma Questão de Oportunidade. Muitos dos aprendizes não sabem ler nem escrever e, com o spray, aprendem a desenhar o alfabeto. "O objetivo é dar cultura, e não formar supergrafiteiros. Passando cultura, damos meios de a pessoa se encaixar na sociedade", diz "Anjo" (Alexandre Ricardo dos Santos), 20, educador da oficina de grafite.

   

Ao contrário da pichação, o grafite tem o status de arte urbana. "Antes, eu peço para o dono do imóvel, mas, se ele não estiver, eu pinto. Já aconteceu de eu estar grafitando e o dono chegar. Mostrei o desenho, e ele gostou e ainda pagou um almoço", conta Anjo. Seus adeptos garantem que não sujam a cidade, mas a enfeitam e que os lugares e os desenhos são escolhidos a dedo, segundo certos critérios.

   

"Já apanhei da polícia quando era pichador. Dava raiva, aí eu pichava mais. Queria grafitar, mas não sabia como. Aí entrei na agência para aprender. Agora voltei para a escola e não fico mais na rua. Passo a maior parte do tempo no projeto. Gosto de pesquisar na internet sites de grafiteiros famosos", diz o aprendiz Roni Silva, 15.

   

Quem quiser encomendar o trabalho dos jovens profissionais, uma estampa para a parede da sala, por exemplo, vai desembolsar R$ 60 pelo metro quadrado. "Tem muito grafiteiro que é contra fazer grafite por dinheiro. Se a gente sai fazendo isso pela cidade, por que não pode ganhar? O Doze Green, um americano das antigas, chega a cobrar U$ 15 mil por uma tela", diz o veterano Speto.


Para encomendas de grafite ou workshops: tels. 0/xx/11/5571-976 e 0/xx/11/5576-4386; e-mail: agenciaquixote@epm.br. Toda semana a "Coluna Social" leva uma personalidade para contribuir com um projeto social.


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