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bebida
Água de beber
Águas minerais ganham versões com sabor; tendência mundial, opções enriquecidas com nutrientes como cálcio e ômega 3 já são encontradas no Brasil em seções de importados
FLÁVIA PEGORIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O mercado de água no
Brasil vem crescendo
há vários anos, mas
uma nova fase se
anuncia. Normalmente limitado às águas minerais ou "mineralizadas", com gás ou naturais,
agora o consumidor também
pode provar sabores, teores e
adições.
No início deste ano, por
exemplo, a Coca-Cola lançou
no Brasil a Aquarius, água enriquecida com os sabores laranja
e limão. Recentemente, foi a
vez da concorrente, a Pepsi,
apresentar a H2OH!, segundo a
empresa, "levemente gaseificada, sem açúcar e acrescida de
suco natural de limão".
Além delas, águas saborizadas (ou aromatizadas) de toda
parte do mundo estão sendo
colocadas à disposição do público, principalmente por meio
da importação. Elas costumam
ser vendidas em adegas, supermercados e restaurantes para
clientes com maior poder aquisitivo que já entraram na tendência de reduzir o consumo de
refrigerantes.
A mania é global: na Argentina, onde os consumidores aderiram à moda antes dos brasileiros, as águas minerais "diferentes" já arrematam 30% do
mercado interno.
A faixa que vai dos 25 aos 40
anos é a que mais aprova a
idéia. Um estudo da Academia
Nacional de Ciências dos Estados Unidos (The National Academy of Sciences) reforçou que
as pessoas estão mais predispostas a se hidratarem bebendo líquidos com algum diferencial. Os dados indicam que bebidas saborizadas, por exemplo, aumentaram entre 45% e
50% o consumo de líquidos entre jovens e adultos .
A Pepsi informa que resolveu
apostar na H2OH! para trazer
aos brasileiros algo que é tendência lá fora. Mas um ponto
gerou desacordo. A Abinam
(Associação Brasileira das Indústrias de Água Mineral) diz
ter entrado com uma ação contra a Ambev, dona da divisão
Pepsi, para que o rótulo da bebida seja modificado. Ele estaria usando a inscrição "refrigerante de limão de baixa caloria", o que classificaria a
H2OH! em um setor diferente
das águas minerais.
"Na realidade, em nenhum
momento falamos em "água"
para descrevê-la, mas em uma
"nova geração de bebidas'", diz
Bruno Francisco, executivo da
PepsiCo. Com isso, a empresa
quer dizer que não está fora das
adequações do mercado de
águas e que a H2OH! é categorizada como um refrigerante.
"Mas o produto tem apenas
50% do gás de um refrigerante
comum e possui outras características, como a presença de
vitaminas. Daí a diferenciação", afirma Francisco.
Beber água mineral pura ainda é, de qualquer maneira, a
melhor das opções para a saúde. Com menos agentes químicos do que a água comum, ela
traz substâncias importantes
para o organismo, como os sais
minerais.
A nutróloga Tamara Mazaracki diz que, a princípio, ingerir águas com sabor não é problema algum e até se torna um
incentivo para consumir os
dois litros indicados por dia.
"O importante é saber se ela
não contém, junto com o aditivo do aroma, algum adoçante.
Nesse caso, a pessoa estaria bebendo algo muito parecido com
refrigerante, o que não é muita
vantagem."
Sobre a tendência internacional de águas enriquecidas,
que ajudam a prevenir alguns
males, a especialista acredita
ser uma boa novidade. "Ter a
adição de magnésio, enxofre ou
cálcio auxilia o organismo de
certas pessoas. Com uma indicação médica, o que era água
pode se tornar até um alimento
funcional", diz. Assim como algumas aromatizadas, as águas
enriquecidas estão disponíveis,
por enquanto, no setor de importados de algumas lojas de
bebidas.
Com as novas versões, o mercado mundial de água engarrafada vem se expandindo de forma acentuada. Segundo dados
colhidos pela Abinam, a produção mundial está estimada em
152 bilhões de litros -com destaque para os Estados Unidos,
com 23,6 bilhões de litros. Em
seguida vem o México, com 14
bilhões, a China, com 13 bilhões, e a Itália, com 10 bilhões.
A produção brasileira apresenta a mesma tendência, crescendo 23%, em média, nos últimos dez anos e tendo atingido
5,2 bilhões de litros em 2006, o
que situa o Brasil como o oitavo
maior produtor do mundo.
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