São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2006
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bebida

Água de beber

Águas minerais ganham versões com sabor; tendência mundial, opções enriquecidas com nutrientes como cálcio e ômega 3 já são encontradas no Brasil em seções de importados

FLÁVIA PEGORIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O mercado de água no Brasil vem crescendo há vários anos, mas uma nova fase se anuncia. Normalmente limitado às águas minerais ou "mineralizadas", com gás ou naturais, agora o consumidor também pode provar sabores, teores e adições.
No início deste ano, por exemplo, a Coca-Cola lançou no Brasil a Aquarius, água enriquecida com os sabores laranja e limão. Recentemente, foi a vez da concorrente, a Pepsi, apresentar a H2OH!, segundo a empresa, "levemente gaseificada, sem açúcar e acrescida de suco natural de limão".
Além delas, águas saborizadas (ou aromatizadas) de toda parte do mundo estão sendo colocadas à disposição do público, principalmente por meio da importação. Elas costumam ser vendidas em adegas, supermercados e restaurantes para clientes com maior poder aquisitivo que já entraram na tendência de reduzir o consumo de refrigerantes.
A mania é global: na Argentina, onde os consumidores aderiram à moda antes dos brasileiros, as águas minerais "diferentes" já arrematam 30% do mercado interno.
A faixa que vai dos 25 aos 40 anos é a que mais aprova a idéia. Um estudo da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (The National Academy of Sciences) reforçou que as pessoas estão mais predispostas a se hidratarem bebendo líquidos com algum diferencial. Os dados indicam que bebidas saborizadas, por exemplo, aumentaram entre 45% e 50% o consumo de líquidos entre jovens e adultos .
A Pepsi informa que resolveu apostar na H2OH! para trazer aos brasileiros algo que é tendência lá fora. Mas um ponto gerou desacordo. A Abinam (Associação Brasileira das Indústrias de Água Mineral) diz ter entrado com uma ação contra a Ambev, dona da divisão Pepsi, para que o rótulo da bebida seja modificado. Ele estaria usando a inscrição "refrigerante de limão de baixa caloria", o que classificaria a H2OH! em um setor diferente das águas minerais.
"Na realidade, em nenhum momento falamos em "água" para descrevê-la, mas em uma "nova geração de bebidas'", diz Bruno Francisco, executivo da PepsiCo. Com isso, a empresa quer dizer que não está fora das adequações do mercado de águas e que a H2OH! é categorizada como um refrigerante. "Mas o produto tem apenas 50% do gás de um refrigerante comum e possui outras características, como a presença de vitaminas. Daí a diferenciação", afirma Francisco.
Beber água mineral pura ainda é, de qualquer maneira, a melhor das opções para a saúde. Com menos agentes químicos do que a água comum, ela traz substâncias importantes para o organismo, como os sais minerais.
A nutróloga Tamara Mazaracki diz que, a princípio, ingerir águas com sabor não é problema algum e até se torna um incentivo para consumir os dois litros indicados por dia.
"O importante é saber se ela não contém, junto com o aditivo do aroma, algum adoçante. Nesse caso, a pessoa estaria bebendo algo muito parecido com refrigerante, o que não é muita vantagem."
Sobre a tendência internacional de águas enriquecidas, que ajudam a prevenir alguns males, a especialista acredita ser uma boa novidade. "Ter a adição de magnésio, enxofre ou cálcio auxilia o organismo de certas pessoas. Com uma indicação médica, o que era água pode se tornar até um alimento funcional", diz. Assim como algumas aromatizadas, as águas enriquecidas estão disponíveis, por enquanto, no setor de importados de algumas lojas de bebidas.
Com as novas versões, o mercado mundial de água engarrafada vem se expandindo de forma acentuada. Segundo dados colhidos pela Abinam, a produção mundial está estimada em 152 bilhões de litros -com destaque para os Estados Unidos, com 23,6 bilhões de litros. Em seguida vem o México, com 14 bilhões, a China, com 13 bilhões, e a Itália, com 10 bilhões.
A produção brasileira apresenta a mesma tendência, crescendo 23%, em média, nos últimos dez anos e tendo atingido 5,2 bilhões de litros em 2006, o que situa o Brasil como o oitavo maior produtor do mundo.


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